O transtorno de déficit de
atenção com hiperatividade (TDAH) é definido clinicamente por três grupos
centrais de sintomas: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Alguns
sintomas devem estar presentes antes dos 7 anos de idade e ocorrer por pelo
menos seis meses em mais de uma situação. Eles devem causar prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, acadêmico ou
ocupacional e ser inconsistentes para a idade de desenvolvimento e a capacidade
intelectual. Segundo o DSM-V o TDAH caracteriza-se por: Um
padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que
interfere no funcionamento e no desenvolvimento
(DSM-V -2017).
Estima que as taxas de TDAH sejam entre 3 e 7%
em crianças de idade escolar, embora tenha sido relatada uma variação de 1,9 a
14,4% (Scahill e Schwab-Stone, 2000).
Ademais, o TDAH é altamente
comórbido com outras psicopatologias. Até dois terços de indivíduos com TDAH
apresentam outras doenças psiquiátricas comórbidas, tais como, transtornos de
comportamento disruptivo do humor ou de ansiedade, TAs, transtornos de
linguagem, retardo mental, funcionamento intelectual borderline, TGDs e
psicoses como destaca o DSM-V: Crianças
com TDAH apresentam uma probabilidade significativamente maior do que seus
pares para desenvolver transtorno da conduta na adolescência e transtorno da
personalidade antissocial na idade adulta, aumentando, assim, a probabilidade
de transtornos por uso de substâncias e prisão (DSM-V-2017).
Fica mais que claro que crianças com TDAH tem desempenho escolar mais
que insatisfatório do que de outras crianças. Além do mais como fruto dos resultados
de seus conflitos escolares, eles necessitam frequentemente de atenção
especial, tais como: aulas particulares, salas de aula especiais, enfim. Eles
também costumam repetir no mínimo uma série, déficits na memória de trabalho,
fluência verbal e no sequenciamento motor.
Nesse sentido é decisivo
particularizar, efetuar os recortes sintomáticos que descrevem clinicamente
esse transtorno apresentados pelo DSM-V começando pela desatenção:
• Frequentemente não presta atenção em detalhes
ou comete erros por descuido em tarefas escolares, no trabalho ou durante
outras atividades;
• Frequentemente tem dificuldade de manter a
atenção em tarefas ou atividades lúdicas;
• Frequentemente parece não escutar quando alguém
lhe dirige a palavra diretamente;
• Frequentemente não segue instruções até o fim e
não consegue terminar trabalhos escolares, tarefas ou deveres no local de
trabalho;
• Frequentemente tem dificuldade para organizar
tarefas e atividades;
• Frequentemente evita, não gosta ou reluta em se
envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado.
Notem que essa desatenção é
clinicamente significativa. Agora passemos para a hiperatividade/impulsividade:
• Frequentemente remexe ou batuca as mãos ou os
pés ou se contorce na cadeira;
• Frequentemente levanta da cadeira em situações
em que se espera que permaneça sentado;
• Frequentemente corre ou sobe nas coisas em
situações em que isso é inapropriado;
• Com frequência é incapaz de brincar ou se
envolver em atividades de lazer calmamente;
• Com frequência “não para”, agindo como se
estivesse “com o motor ligado”;
• Frequentemente fala demais;
• Frequentemente deixa escapar uma resposta antes
que a pergunta tenha sido concluída;
• Frequentemente tem dificuldade para esperar a
sua vez;
• Frequentemente interrompe ou se intromete.
Essa
hiperatividade/impulsividade, como a desatenção, resulta frequentemente em baixo
desempenho escolar, acadêmico e profissional; ademais, em alguns indivíduos essa
hiperatividade propicia dificuldades de relacionamento e baixo autoestima. É
importante dizer que essa hiperatividade/ impulsividade em geral diminuem na
idade adulta, mas não desaparecem por completo. Na perspectiva de Robert E.
Holes o TDAH é um transtorno crônico e altamente nocivo que acompanha
linearmente a trajetória do acometido desde a fase infantil até a adulta
deixando o histórico profuso de tratamentos e intervenções clínicas: O TDAH é um transtorno crônico e
resistente, e a maioria dos indivíduos com essa condição são encaminhados para
tratamento quando crianças, experimentando prejuízo até a adolescência. (Robert E. Holes).
Deste modo pensando no tratamento do
TDAH podemos salientar que ele se dá numa estrutura terapêutica (therapeuw) ambivalente, ou seja,
medicamentosa e não-medicamentosa sendo que o tratamento não medicamentoso
consiste nas abordagens psicossociais e psicoterapeuticas.
O tratamento medicamentoso é
pluridimensional mais vale destacar algumas drogas que são usualmente
utilizadas com respostas clínicas satisfatórias: psicoestimulantes,
atomoxetina, antidepressivos tricíclicos, agonistas de a,
e a bupropina.
Já do ponto de vista da terapia não-
medicamentosa pode-se elencar: a) - as intervenções psicossociais: palestra
para profissionais da educação, treinamento dos pais quanto a estabelecer
limites, programa de terapia intensiva de férias, prática de esportes
não-violentos, enfim; b) – As psicoterapias:
terapia cognitivista-comportamental (TCC), psicoterapia de apoio, terapia
interpessoal, psicoterapia dinâmica de grupos, enfim.
Concluo destacando que o mais indicado quando
se fala do tratamento eficiente do TDAH é a integração dessas propostas
terapêuticas dada a complexidade e cronicidade do transtorno que impõe uma
abordagem integrada e holística, como bem pontoou o Tratado de Psiquiatria
Clínica: Para um diagnóstico correto e um tratamento
efetivo, o médico deve coordenar todos os aspectos terapêuticos. Medicamento;
psicoeducação de pacientes, familiares e professores; e comunicação consistente
com famílias e escolas constituem os aspectos centrais do tratamento para TDAH (Hales, Yudofsky e
Gabbard – 2012:922).
Dr
Marcus King Barbosa – Psicanalista Clínico, Psicoterapeuta integratista e
Filósofo
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