A pregação (kêrigma) do ponto de vista da Revelação literáriocanônica
precisa da ingerência, intervenção do Espírito para torna-se eficiente e apta
espiritualmente, ou seja, como ferramenta para efetivação da Redenção (1 Co 2.4-7,13-14).
Os teólogos reformados designavam essa função instrumental da Palavra como meio
de graça. Isto é, expedientes cronotópicos utilizados por Deus para tornar
experimental e histórica a Redenção (apolytrwsis)
Desse modo, o
ministério da pregação é absolutamente dependente da atuação do Espírito. Por
outro lado, Ele só age na pregação que esteja totalmente comprometida com a
verdade (alêteia) da Revelação (Jo 8.31-32,36;
14.16-17; 16.7-11) exposta historicogeograficamente no Evangelho maiúsculo,
singular e não nos evangelhos plurais, minúsculos, politicamente correto e
mitológico que a igreja pós-moderna tem saturado, permeado os púlpitos, templos
e a mídia de toda sorte: 3 Porquanto, chegará o tempo em
que não suportarão o santo ensino; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos,
reunirão mestres para si mesmos, de acordo com suas próprias vontades. 4 Tais
pessoas se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos.
(2 Tm 4.3-4).
Portanto, sem a
mediação (esse seria o termo teológico para esse intervencionismo) do Espírito
Santo, seu protagonismo à pregação (se é que ainda podemos chamar assim esse
arremendo que vemos atualmente) pode até ser divertida (e com certos pastores
piadista então), persuasiva, terapêutica, pentecostal, ortodoxa, progressiva,
conservadora, indutiva, dedutiva, instrutiva, inteligente, arrasadora, maravilhosa,
sublime, Ufa! Contudo, o que não será é via, meio de salvação (soteria) nem de santificação (hagiasmos) do pecador e do povo de Deus:
17
Santifica-os pela tua verdade; a tua Palavra é a verdade.
(Jo 17.17).
Bem, esse tipo de pregação tão popular em nosso
tempo pode até convencer, mas não pode fazer renascer (Jo 3.3), pode emocionar,
mas não pode transformar o interior (2 Co 3.16-18), pode amontoar fãs e
seguidores, mas não gera um único filho de Deus ou súdito do seu reino
espiritual (Jo 1.12-13; Rm 8.14-17), pode levar o pregador aos pícaros da fama,
mas jamais o tornará arauto da verdade e cura ’d’alma, pode fazê-lo campeão de
popularidade e rei dos likes, mas também o fará um viciado em manipulação e
mercador de almas (Ap 18.13b) ainda mais, um embusteiro de Satã e animador do
seu show horrores (At 20.29-30; Mt 24.11, 24). SDG
Marcus King Barbosa – Pastor
Reformado, Teólogo da existência e Filósofo da Cultura
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