Há
um perigo que se esconde nas cidades, que se torna real e concreto nos períodos
de temporais, de chuvas torrenciais – os bueiros abertos! Eles originalmente
fazem parte da infraestrutura necessária para a saúde das cidades. Imaginem uma
grande metrópole como São Paulo, sem escoamento, sem os bueiros salvadores? Um
caos total! Por isso, os bueiros deveriam funcionar como promotores do bem
público, mas por conta da irresponsabilidade e má gestão, se tornam agentes de
destruição, deixando sua marca de dor e desespero, ano após anos, chuvas após
chuvas, o mesmo episódio triste se repete, trouxe a colação uma reportagem de
um garoto que foi vitimado por um desses criminosos ocultos:
“SÃO PAULO - O corpo do menino Fernando Silva
Marques, 4, foi enterrado na manhã de ontem no Cemitério Vila Nova
Cachoeirinha, na zona norte de São Paulo. Ele havia caído em um bueiro sem
tampa no último dia 18, e o corpo foi encontrado na tarde de anteontem. O
acidente aconteceu na Avenida Inajar de Souza, na região do Bairro do Limão
(zona norte), quando o menino voltava de um chá de bebê com a mãe, a tia, uma
irmã e uma prima. Enquanto a família atravessava a avenida, Fernando foi
brincar com a prima no canteiro central da via e caiu em uma abertura que leva
ao Rio Cabuçu de Baixo, que é canalizado. O corpo foi encontrado em uma
barragem em Pirapora do Bom Jesus (Grande São Paulo). De acordo com a
Prefeitura de São Paulo, os respiradouros e postos de inspeção localizados ao
longo da via passaram a ser cobertos com pedras, há vários anos, devido aos
constantes roubos das tampas de metal. O deslocamento de uma dessas pedras
teria permitido a queda do menino. O secretário de Coordenação de
Subprefeituras, Walter Feldman, esteve no local após o desaparecimento do menino
e determinou o fechamento com concreto das aberturas.” (folha online)
O fato, que nenhuma ideologia
sofista pode minorar é que mais uma família foi atingida duramente e
irremediavelmente desfilhada. Os bueiros abertos são uma ameaça sempre
presente. Num minuto, de modo inesperado, pronto você cai! Afunda de olhos
estatelados e atordoados, sem saber o que aconteceu.
Por incrível que pareça esse quadro
tem uma estreita correspondência com realidades espirituais. Há dentro da engenharia
espiritual bueiros abertos que têm alargado, expandido as estatísticas de
quedas fragorosas, tombos comprometedores e escandalosos. Meu Deus! Quantos
bueiros abertos... Ministérios arruinados, famílias desfeitas, amizades
destruídas, vidas espirituais destroçadas, enfim. Satanás abre a tampa dos bueiros,
e uma noite tranqüila, se torna uma história triste de dor e horror. Você
consegue perceber familiaridade? Já detectou algum bueiro? Eu tristemente
sim...
Bem, os bueiros abertos são as
brechas nas nossas panóplias (armaduras) espirituais (Ef 6.11-18), que partindo
do nosso coração são eficazmente administradas pelo inimigo das nossas almas, entendeu
agora? Sem uma armadura completamente impenetrável não há a mínima
possibilidade de fazer frente as artimanhas (methodeías) de Satan e seu exercito dos horrores. Segundo George E.
Harpur a armadura é aparato indispensável para enfrentar o inimigo no dia da
batalha: O uso de todo o uniforme capacita o cristão a vencer o inimigo num
dia de conflito feroz, para que possa “ficar firme”, tomando a sua posição em
prontidão para o reinicio da batalha com um inimigo implacável. (Harpur, 2009,
p.1998). O que seriam em tese essas brechas? Os caminhos mal direcionados,
pulsões do coração não enfrentadas, perdão não liberado, pecados não
confessados, os pensamentos inconfessáveis não combatidos, amizades perigosas
não abandonadas, prioridades mal distribuídas...
Bom, esse modo de ação faz parte da
estratégia maligna de combate! Claro, o pai da mentira não joga limpo, e já é
de se esperar, não, ele não aceita a luta franca, o duelo vis-à-vis, gosta de
atacar quando não estamos olhando, fica a espreita... Esperando uma
oportunidade, que invariavelmente damos (meu Deus se não fosse à graça?)
perceba bem, ele é especialista em abrir bueiros. Adora atacar quando viramos as
costas, baixamos a guarda...
Sua preferência é quando o gongo soa
que estamos descuidados, com a “luta ganha”; então, ele devastadoramente ataca,
e o jogo muda de figura! Caímos no bueiro! Perdemos a calma, a legitimidade
divina, as armas, a paixão é recrudescida, a cobiça açodada; e, infelizmente o
dragão de olhos vermelhos (uma figura utilizada por Spurgeon) sai da prisão do
nosso coração para nossa comportamentalidade deixando um rastro de morte e destruição
em nossa existência (que não precede a essência mais a historifica), dando
visibilidade para a ambigüidade interna, os fantasmas, para o conflito oculto,
como escreveu Max Lucado: Toma-se uma bebida, beija-se uma mulher. Segue a
multidão. Racionaliza-se o pecado. Diz “sim”. Assina seu nome. Esquece-se de
quem você é. Entra no quarto dele, olha pela janela, quebra a promessa. Compra
revista, mente, deseja. Bate o pé e segue seu próprio caminho (Lucado ,1999,
p.108).
Entrementes, não se esqueça feche o
bueiro! Lembre-se de que ele aberto é a presença continuamente presente da
possibilidade do fracasso iminente, da queda, da quebra do pacto, da dor,
enfim. Agora escute, não pense que vai ser fácil fechar o bueiro. Porque não
vai! E se você pensa diferente, não passa de um tolo que ainda não aprendeu as
lições copiosas apresentadas pelas Escrituras: Adão que comeu o fruto dado por
Eva, Abraão que mentiu, Noé que ficou bêbado, quer mais? Davi que desnuda e
possui a mulher alheia, Jonas que fugiu enfim. O problema é que o dragão está
dentro de nós e não fora! Dizia Nietzsche que temos cachorros raivosos em nossa
alma, e ele tinha toda razão! O complicado com essa verdade inapelável é que Satanás
sabe disso até melhor do que a gente.
Daí porque o segredo de fechar o
bueiro é reconhecer que gostamos de deixá-lo aberto, porque temos nossos
pecados de estimação; está surpreso? Então sua situação é grave! Agora a
verdade inexorável é que existem os bueiros abertos (qual o seu?) que precisam
ser fechados, então leve isso em consideração, por meio da provisão do Espírito
através dos meios de graça, sem titubear FECHE OS BUEIROS! Pense Nisto.
Comentários
Postar um comentário