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Mostrando postagens de março, 2023

POR QUE A CRIANÇA NÃO DEVERIA SER ALFABETIZADA ANTES DOS SEIS ANOS DE IDADE?

  É pelo jogo, pelo brinquedo que crescem a alma e a inteligência (...) uma criança que não sabe brincar, uma miniatura de velho, será um adulto que não saberá pensar (Chateau - 1987).   Esse pequeno texto é uma provocação a uma tese que vem ganhando corpo dentro da didática pedagógica que é a de que a criança pode ser alfabetizada antes do período de seis anos de idade; isto é, no período que encerra a chamada educação infantil. Na verdade, numa recente jornada pedagógica em nossa região, fui informado sobre o tema em tela, visto que se trabalhou como pauta nessa citada jornada a efetiva implementação dessa política pedagógica. Qual meu interesse? Primeiro, o fato de estar cursando licenciatura em pedagogia. Segundo, por conta da minha prática psicoterapêutica de mais de vinte anos de clínica lidando transversalmente com essa temática dentro das dificuldades com a aprendizagem. Terceiro, por conta da minha linha de pesquisa cognitivointegrativa que coloca as questões d...

Entendendo o TOD

  O que é TOD? Podemos dizer que é um Transtorno Opositivo-Desafiador caracterizado por um distúrbio de comportamento, um perfil rígido de desobediência, hostilidade e ameaças, inclusive físicas. O TOD clinicamente está associado a alguns transtornos: TDAH, Transtorno de Conduta e Transtorno Bipolar. Em muitos casos, apesar de ser uma entidade clínica autônoma o TOD pode evoluir desses transtornos como comorbidades, notadamente do TDAH. Segundo o Compendio de Psiquiatria Kaplan o TOD pode ser assim descrito:   O transtorno de oposição desafiante é caracterizado por padrões duradouros de comportamento negativo, desobediente e hostil em relação a figuras de autoridade, assim como uma incapacidade de assumir responsabilidade por erros, o que leva a jogar a culpa nos outros. Crianças com o transtorno frequentemente discutem com adultos e se sentem cada vez mais incomodadas pelos outros, levando a um estado de ressentimento irritado (Kaplan, Sadock e Grebb – 2017)   Qu...

Tudo é depressão

  O fato de a depressão ser considerada pela OMS uma pandemia tornou-se para muitos um pretexto para se colocar a depressão como um clichê explicativo, elucidador para uma condição psicossociocultural de nossa geração, ou seja, para uma multidão considerada de pessoas, quase tudo é depressão. Esse tipo de entendimento acaba confundindo grosseiramente o quadro clínico da depressão com tristeza ou reação emocional comum (e em alguns casos até necessária) diante de conjunturas extremas como: desastres, luto, abusos, enfim. É como escreveu em seu livro Depressão & doença nervosa moderna , a professora, psicanalista e doutora em Psicologia Maria Silvia Bolguese: “Hoje em dia, quase tudo é depressão. A síndrome foi convertida em uma maneira de explicar o homem moderno. Confunde-se, porém, o quadro depressivo clinicamente verificável com manifestações comuns de qualquer sujeito diante de situações adversas” (Bolguese – 2018). Qual a dificuldade com isso? Esse processo de banalização...

As sombras...

  Os eventos que são recalcados, reprimidos para os níveis submersos do eu profundo assumem a feição de sombras, como categorizava C.G.Jung: Uma pesquisa mais acurada dos traços obscuros do caráter, isto é, das inferioridades do indivíduo que constituem a sombra, mostra-nos que esses traços possuem uma natureza emocional (Jung-2015). Essas sombras são constituídas do material sombrio de nossa identidade e não ficam exiladas nas profundezas abissais do ego, elas retornam dentro do involucro de crises emocionais, somáticas e cognitivas. Nesse caminho de retorno as sombras saturam nossa mentalidade forjando por meio dela pensamentos disfuncionais e desrruptivos , criando tendências patológicas em nossa emoções e sentimentos descontruindo as bases de sustento de nossa escolhas e decisões. Claro que, por força dessa involução produzida pelas sombras no epicentro de nosso self nossos relacionamentos são afetados e muitos seriamente comprometidos. Ou seja, aquilo que você está achand...

Ser Família é mais do que hereditarismo

  Assistir um filme, baseado no romance best-seller de Delia Owens – Um lugar Bem longe Daqui . O filme segue o nome do romance tem como enredo a personagem Kya Clark que foi abandonada pelos pais, depois que o pai um alcoólatra violento agrediu a mãe que não suportando mais foi embora e depois, pelos mesmos motivos todos os irmãos, ficando ela sozinha com o Pai naquele lugar solitário e lindo paradoxalmente. Por certo tempo, o pai ficou com Kya e parecia que daria certo, mas depois de receber uma misteriosa carta da ex-esposa ele acaba sumindo. Ou seja, Kay fica só e começa sua batalha por sobrevivência e progresso e fica conhecida na cidade pelo rótulo estigmatizador e preconceituoso de a "garota do pântano”. Fico por aqui, visto que meu objetivo é descrever um pensamento que me fisgou de prima fáceis no filme, assistir o desvelar do drama magnético da Kay. Que pensamento foi esse? Bem, esse entendimento foi da falta de significação de membros de uma unidade familiar como famí...