Os eventos que são recalcados, reprimidos para os
níveis submersos do eu profundo assumem a feição de sombras, como categorizava
C.G.Jung: Uma pesquisa mais acurada dos traços obscuros do caráter, isto é, das
inferioridades do indivíduo que constituem a sombra, mostra-nos que esses
traços possuem uma natureza emocional (Jung-2015). Essas sombras são constituídas
do material sombrio de nossa identidade e não ficam exiladas nas profundezas
abissais do ego, elas retornam dentro do involucro de crises emocionais,
somáticas e cognitivas.
Nesse caminho de retorno as sombras saturam nossa
mentalidade forjando por meio dela pensamentos disfuncionais e desrruptivos,
criando tendências patológicas em nossa emoções e sentimentos
descontruindo as bases de sustento de nossa escolhas e decisões. Claro
que, por força dessa involução produzida pelas sombras no epicentro de nosso
self nossos relacionamentos são afetados e muitos seriamente comprometidos. Ou
seja, aquilo que você está achando que é falta de amor, desejo de conflito pode
ser o trabalho eficiente das sombras, que tem desintegrado casamentos,
amizades, parcerias, enfim.
Daí entendemos claramente as chamadas crises
de identidade, onde começamos a ter dúvidas de quem somos; de
sentido de vida, onde o senso de nosso propósito no mundo se abala e de
temporalidade relacional, onde desconfiamos se aquela relação é
realmente a que se queria para a vida. Inclusive,
essa última crise é bem interessante porque podemos entender a lógica do porquê
muitos palestrantes de casais, por exemplo, falam tanto das famosas crises do
casamento: dos 10 anos, dos trinta anos, enfim.
Certo é que as sombras, ou qualquer outro nome que
você queira dar são gravíssimas e contribuem sensivelmente para o processo de
desconstrução da nossa identidade e relacionamentos dando passagem para as realidades
instintivas, instituais que fundamentam a presença do Id e nos torna
animalescos, psicopáticos.
Por isso, precisamos com assertividade enfrentar as
sombras, não permitir que elas ganhem relevo e controle de nosso self, da nossa
psique. A psicoterapia é uma grande opção, notadamente a análise porque em
alguns casos é necessário preliminarmente ao enfrentamento, conhecer a atuação
dessas sombras dentro de nós coisa que muita gente só vai descobrir quando já
foi tudo para espaço. E tem aqueles que não conseguiram mais se recuperar,
vivem errantes e psiquicamente devastados. Pense nisto. SDG.
Dr Marcus King Barbosa – Psicanalista Clínico,
Psicoterapeuta Integratista, Neuropsicanalista, Filósofo e Fundador da
Psicoterapia Ressignificativa
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