Assistir um filme, baseado no romance best-seller de Delia Owens – Um lugar Bem longe Daqui. O filme segue o nome do romance tem como enredo a personagem Kya Clark que foi abandonada pelos pais, depois que o pai um alcoólatra violento agrediu a mãe que não suportando mais foi embora e depois, pelos mesmos motivos todos os irmãos, ficando ela sozinha com o Pai naquele lugar solitário e lindo paradoxalmente. Por certo tempo, o pai ficou com Kya e parecia que daria certo, mas depois de receber uma misteriosa carta da ex-esposa ele acaba sumindo. Ou seja, Kay fica só e começa sua batalha por sobrevivência e progresso e fica conhecida na cidade pelo rótulo estigmatizador e preconceituoso de a "garota do pântano”.
Fico por aqui, visto que
meu objetivo é descrever um pensamento que me fisgou de prima fáceis no filme, assistir
o desvelar do drama magnético da Kay. Que pensamento foi esse? Bem, esse entendimento
foi da falta de significação de membros de uma unidade familiar como família num
sentido em que esse termo deveria significar e se manifestar, no contexto em
que muitas pessoas assumem essas relações análogas a família, mas que não
possuem nenhum nível de relação hereditária. Como foram os personagens na trama
do filme que contribuíram decisivamente para o amadurecimento e evolução
existencial da Kay. No romance e filme aqueles personagens foram em sentido
pleno a família dela, viveram e cuidaram dela de maneira linda, emocionante e
experimental.
Daí que com tudo isso em
perspectiva começo salientando que essa questão de fundamentar os membros de
uma família como unidade afetiva apenas balizado no fundamento biológicohereditário é uma
superestimação, que sem dúvidas que o filme coloca em sérias dúvidas e penso
que com muita razão. Por que? Porque família é aquela onde há reciprocidade de trajetória,
afeto e propósito de existência, sem isso, pode se ter um conglomerado de
pessoas que partilham uma experiência hereditáriosocial, mas não há família como
valor de primeira grandeza que o filme deixa exteriorizado com muita lucidez e
realismo.
Penso que foi isso que o sábio
Salomão pensou, de certa maneira, quando disse que tem amigos que são íntimos (davek)
como irmãos (meach): “24
Cuidado! As muitas amizades podem levar à ruína, mas existe amigo mais chegado
que um irmão”. Grifo
meu (Pv 18.24). Agora fazendo uma argumentação reversa é claro que há
aqueles que são parte da família que não serve como amigo, pois, não tem empatia,
cuidado, intimidade e comunhão, não querem seu bem, invejam seu sucesso, enfim,
e Caim é o exemplo mais eloquente dessa categoria de parentes (Gn 4.1-16). São
parentes mais a indiferença e escolhas positivas os afasta do ideal de família.
Outros vivem na fantasia e fingimento gestando uma imagem para os de fora, como
se fossem realmente família, mas a realidade nua e crua sempre é outa e a
verdadeira faceta sempre aparece...
Agora aqui é importante
dizer que existem aqueles que são tanto a família hereditária como família nesse
sentido que estamos abordando, são irmãos, pais, filhos, primos, enfim, que dão
sentido para a o termo família e que são a razão de ser de afirmamos seu lugar
e pertinência. E é claro que não são desses que estamos tratando aqui. Mas sim
daqueles que tão somente possuem um nome e um personagem, mas que na prática só
vivem de narrativas e não de realidade. Estes estão, mas não são família.
Portanto, podemos com
segurança afirmar que é mais que óbvio que existem pessoas que o Eterno irá
colocar em nosso horizonte afetivo, como colocou no da Kay que apesar de não
tem um vínculo biológico, hereditário estabelecido são família no sentido mais
próprio desse termo. Eu mesmo pude nutrir a presença abençoadora desses que até
hoje são família, mesmo que não tendo nenhuma relação de parentesco biológico.
Outras tantas pessoas podem afirmar a mesma experiência, assim, como a
personagem Kay. Desse modo, que nossa família cresça desses membros preciosos e
necessários. SDG.
Dr Marcus King Barbosa
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