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Perversões - O que elas podem ensinar?

Manaus – Um homem foi preso, neste domingo (24), suspeito de ter estuprado a própria neta, uma criança de seis anos, segundo a delegada Joyce Coelho, titular da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca). A suspeita foi confirmada quando a mãe da vítima encontrou um preservativo dentro da calcinha da criança. 
Segundo a delegada, a vítima foi deixada sob os cuidados do avô, que já havia tomado conta da criança no passado. “Inclusive, a jovem relatou ter sofrido abuso dele, nessas situações anteriores”, disse Coelho. Neste domingo, ao ir buscar a criança na casa do avô materno, a mãe da vítima percebeu que a filha estava assustada. 
“Após ser questionada pela progenitora, a menina relatou o ocorrido. Foi encontrado um preservativo dentro da calcinha da vítima, que, felizmente, não apresentou graves lesões depois de ser submetida ao exame de conjunção carnal. Mas, sofreu abuso sexual, de fato”, explicou Coelho. 

Perversão é uma palavra de origem latina: pervertere (per- vertere) que comunica a ideia de algo que sai da vertente, do fluxo originalmente traçado. É exatamente isso que ocorre com a perversão sobretudo quando colocamos a vocábulo nos trilhos da sexualidade. A sexualidade pervertida é um sexo, eroticidade fora dos trilhos, da vertente 'correta'. O que significa dizer um sexo a margem do pactuado, do socialmente aceitável, um erotismo que coligi com os valores majoritariamente impostos. Ou seja, querendo ou não sexualidade se interpenetra com socialidade e eticidade. Se assim não fosse muito do comportamento sexual ‘normal’ na antiguidade não nos chocaria ou deixaria com repulsa e vice-versa. 

Porém, retornando para as possíveis lições que tal conduta reprovável por muitos possa nos conferir  podemos caminhar para estabelecer algumas sinalizações de tal hipotética pertinência: 

Primeiro a sexualidade pervertida ensina que o sexo pode desnaturar as relações. Quantos que inflamados em sua sensualidade aversa tratam os outro como objeto, uma via de satisfação pulsional. 

Segundo a sexualidade pervertida ensina que o sexo pode devastar os vínculos e o sentido das nossas relações mais caras, tais como a familiar, conjugal, social, enfim. Quantas famílias, casamentos, profissões, comunidades já foram dizimadas por comportamentos perversos? Não dá para se contar? 

Terceiro a sexualidade pervertida ensina que o sexo pode deformar nossa humanidade, tornando o pervertido escravo dos instintos (Id) das pulsões (trieb). A perversão embrutece o coração deixando a mercê da insensibilidade e embota o pensamento não permitindo que a monstruosidade do ato sejam enxergado. 

Agora note bem a perversão é fenômeno ‘patológico’ universal; isto é, muita gente pura e boa agasalha ou já agasalhou-a em suas existências. Para complicar contra a perversão não funciona confissão positiva, afirmação de normalidade, ritualidade religiosa, enfim. Como lidar então? É preciso reconhecer, discernir e combater. Nessa sociedade de aparência e abusos como essas perversões que assolam sem piedade o homem pós-moderno sem restrição de gênero, etnia, religião, enfim?   

Dr Marcus King Barbosa – Psicanalista Clínico, Filósofo e Aprendiz de Díscipulo 

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