Genérico é um termo que indica entre outras coisas a ideia de
gênero, mas também em segundo plano a qualidade do que abarca muitas coisas ao
mesmo tempo.
Para o objetivo e fronteiras desse texto me concentro no
segundo plano, na relação de abrangência. Daí cabe a indagação do que
ser genérico tem de correspondência com o ensino e pregação evangélica do
Cristo para justificar o título: Cristo genérico? Bem, no contexto atual? Tudo
haver!!! Explico.
Na verdade, há perpetrado um inominável abuso por parte do
movimento evangélico (em que se pese as exceções, graças ao Eterno) do conceito,
sentido e experiência do Cristo como enunciado no kerigma (proclamação) bíblico-canônico
que autoriza sim o título – Cristo genérico, abrangente, adaptável...
E olha que não tem nada de original no termo, visto
que já foi admiravelmente advertido profeticamente por Jesus quando do seu
sermão apocalíptico onde assinalou a presença esfuziante de versões do
Cristo que se insurgiriam no mundo e na própria comunidade da fé no
avizinhamento do seu momentoso retorno (parousia).
Pior que esses Cristos (Christoi) não só teriam muitos adeptos como conseguiria convencer e
matar (planáw) a alma de milhares: 4 Então Jesus lhes revelou: “Cuidado, que ninguém vos seduza.5 Pois muitos são os que virão
em meu nome, proclamando: ‘Eu sou o Cristo!’, e desencaminharão muitas pessoas. (Mt 24.4-5).
Certo, então o que é mesmo esse Cristo Genérico?
É o Cristo que se adapta a todas às versões de
evangelho presentes no cardápio da ‘espiritualidade’ pós-moderna, apesar de seu
manifesto contraditorismo e antinomias.
O Cristo genérico é aquele que existe apenas para
justificar nossa insistência impenitente (muitas vezes protegida pelo manto de
santidade) no mal e na per-versidade contra o outro.
O Cristo genérico é aquele personagem impotente,
dramalhão e piegas (completamente diferente do Jesus da Escritura) fabricado dentro das usinas de
nossas fantasias, delírios, decepções, preconceitos...
O Cristo genérico é aquele que é pregado nos templos
como justificativa para o discurso de ódio, beligerância no coração, exclusões
no viver, indiferença nas relações e omissões de toda sorte na responsabilidade
pelo-outro, que eu chamo de síndrome de Caim.
O Cristo genérico é aquela versão estereotipada
utilizada com muita frequência para fechar os olhos às ilusões de bondade de
nosso complexo megalomaníaco de super crentes e o nariz para o odor fétido que
exala de nosso interior e por de traz da cortina de nosso tocante exercício de
religiosidade dominical,marcado pela ausência real de arrependimento, fé
salvadora e chamado interior do Espírito, é como disse Eugene Resenstoch-Huessy:
As pessoas tentaram pensar sobre a vida nova sem ser tocadas,antes, por
algum tipo de chamado, sem ouvir, sem paixão ou transformação interior
(Huessy – 1977).
Por fim, o Cristo genérico é aquele que só serve para
tudo isso e mais nada!!! Não serve como verdadeiro salvador, não serve para nos
mediar naquele temível Dia, não serve como companheiro autentico nesse vale
escuro, não serve como abrigo nos dias de lutas, desânimos e luto, enfim.
Por que? Simplesmente porque o Cristo genérico é produção nossa, evangélica, caseira, de
nossa cultura religiosa;e, sobretudo, das exigências de nossas farsas existenciais.
Não é realmente o Cristo Vivo da fé, nem da comunidade da Nova vida (zoê).
Pense Nisto.SDG.
Rev. Marcusk Barbosa – Psicanalista Clínico, Teólogo,
Filósofo da cultura e Discípulo de Jesus
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