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Mostrando postagens de agosto, 2019

A rejeição de Jesus 1 parte

A rejeição de Jesus 1 parte

EM DEFESA DO LUTO

Vivemos em uma era tão narcísica, ensimesmada que não admite pertinência de nenhum tipo de agenciamento, experiência ou relações dentro do âmbito histórico- existencial que demande o menos desprazer, dor ou sofrimento. Não é, pois, sem causa que temos presenciado um tempo de profundíssima crise e tensionamento socioexistencial que Bauman defini como hipotecamento do futuro: buscar a felicidade numa sociedade de mercado de consumo caracterizada por marcas, logos e lojas exige que ela seja hipotecada. (Bauman – 2008: p.22). E o preço da hipoteca é muito caro, impagável na verdade. A realidade é que sob a ingerência do narcisismo dinâmico a modernidade líquida hipotecada tem reinterpretado toda a realidade existencial redimensionado, redefinindo institutos, experiências e relacionamentos a partir do paradigma do principio do prazer e da felicidade absoluta. Um desses institutos socioexistenciais revisados é o luto. E luto aqui entenda como a dramática resposta emocional-afetiva a d...

RELAÇÕES SERÁ MESMO?

Existem certos tipos de relacionamentos que podem ser adequadamente definidos   como relações perversas, mas não no sentido erótico-sexual e sim significando fora da vertente, da rota (per-vertere) e que não conseguem por mais esforço que se empreenda corrigir a rota. Para ser bem sincero, a pós-modernidade está repleta, locupletada desses relacionamento em nível multidimensional; isto é, conjugal, profissional, familiar,e fim. Sim, claro que está cheio, inúmeras relações fora de seu eixo (apesar do forte discurso de negação), relacionamento que na sua dinâmica são como um cometa errante, ou pior ainda são relações de bolso como designava Zygmunt Bauman destacando sua portabilidade e facilidade de ser consumido e descartado. Relacionamento que estão sem rumo e por derivação lógica sem propósito verdadeiro ou original. Nesta condição são relacionamento que não agradam a Deus, (por isso per-vertidos) e nem cumprem o projeto por ele estabelecido (Gn 2.15-25) quando da ocasi...

UMA POSIÇÃO ÉTICA DIANTE DE JESUS

“Uma ética sem moralidade” (Zygmunt Bauman)   Não há posição existencial de neutralidade ética diante de Jesus. Ou se rejeita os significados   de sua vida, obra, ensino, pregação e chamado missionário ou se coloca-o na posição existencial de absoluto relevo e proeminência deixando que ele guie o timorato da própria existência na categoria existencializada de valor-teto para o existir-no-mundo. É dessa postura ética do homem diante de Jesus o Redentor (go’el) que Pedro está tratando no segundo capítulo de sua carta circular (1 Pe 2.6-10). Segundo ele não é possível ser indiferente ou eticamente neutro perante o fenômeno histórico-existencial-teológico da encarnação redentiva de Cristo. Ou Jesus é o nosso maior tesouro, a jóia de inestimável valor: 7 Assim sendo, para vós, os que credes, ela é preciosa (2.7). Ou algo de nenhuma importância ou pertinência existencial que está fadado a receber nosso repúdio explicito ou tácito: mas para os que não creem , “ a pedra...

O que devo saber sobre a porta larga

Quando Jesus adverte que a porta larga e o caminho amplo (Mt 7.13-14) atrairia um número imensurável de supostos discípulos ele estava tratando de algo sério e real.  Do ponto de vista da ênfase dada estamos diante de uma realidade decisional em seu apelo ético, existencial em sua dinâmica orgânica e definitiva em seus resultados concretos, como destacou William Barclay: “É esta a decisão que Jesus põe diante dos homens nesta passagem. Há um caminho largo e fácil de transitar, e há muitos que o escolhem; mas o fim dos que andam por ele é a ruína. Há um caminho estreito e difícil, e muito poucos são os que vão por ele; mas o fim deste é a vida.” Portanto, que o que Cristo queria comunicar a sua comunidade de discípulos através dessas duas metáforas, da porta e do caminho era ultra relevante nas suas prioridades e agenda messiânica é fora de questão, mas qual era o propósito pedagógico dessa declaração retórico-profética para a sua comunidade espiritual? Penso que Cristo estava part...

Igrejas vivas e igrejas mortas

As setes igrejas do apocalipse são  realidades histórico e geograficamente definidas (Ap 2 e 3). Ao mesmo tempo em sentido simbólico-profético sinalizam dimensões, vivencias e conjunturas experimentadas pelas igrejas em todo sua militancia histórica e temporal nessa dispensação até a parousia de Jesus como escreveu Simon Kistemaker: “As coisas que João viu, as que são e as que acontecerão depois - todas essas partes se aplicam a todas as igrejas do passado, do presente e do futuro” (Kistemaker - 2004,p.140). Desta forma, enquanto, projeto apocalíptico as igrejas do apocalipse indicam, descrevem e advertem que existirão igrejas vivas e pneumaticamente vibrantes e igrejas mortas e corruptas. Tanto essa realidade como anterior têm em duas igrejas sua representação mais completa, a saber, Laodiceia (Ap 3.14-22) e Filadélfia (Ap 3.7-13). Filadélfia representando o que seria na história uma igreja viva e saudável espiritualmente, já Laodiceia em contrário senso o que seria uma i...

DIRETRIZES HERMENEUTICOS-TEOLÓGICAS PARA UMA COMPREENSÃO INTERPRETATIVA DA CRIAÇÃO EM GENESIS

1.     O relato da criação conforme a narrativa de Gênesis tem um propósito teológico e não cientifico. Gênesis não se preocupa com a ciência como entendemos, mas com a explicação da criação do mundo (cosmogonia) a partir de um paradigma teocêntrico; 2.      O relato da criação conforme a narrativa de Gênesis está condicionado ao seu contexto temporal-histórico-cultural. Todo o enrendo linguístico-literário está subordinado ao depósito contextual histórico de seu autor e da audiência dentro dos estritos propósitos redacionais e teológicos do próprio gênero; 3.     O relato da criação conforme a narrativa de Gênesis está emoldurado numa literatura poeticohistórica. Gênesis é descrito dentro de um mix literário caracterizado pelos elemento criativos da poesia e da história, claro que ambos num sentido primitivo, ou seja, vinculados a um propósito retórico-enunciativo da origem histórica da criação e seu desvio e comprometimento; 4....