As setes igrejas do apocalipse são realidades histórico e geograficamente definidas (Ap 2 e 3). Ao mesmo tempo em sentido simbólico-profético sinalizam dimensões, vivencias e conjunturas experimentadas pelas igrejas em todo sua militancia histórica e temporal nessa dispensação até a parousia de Jesus como escreveu Simon Kistemaker: “As coisas que João viu, as que são e as que acontecerão depois - todas essas partes se aplicam a todas as igrejas do passado, do presente e do futuro” (Kistemaker - 2004,p.140).
Desta forma, enquanto, projeto apocalíptico as igrejas do apocalipse indicam, descrevem e advertem que existirão igrejas vivas e pneumaticamente vibrantes e igrejas mortas e corruptas. Tanto essa realidade como anterior têm em duas igrejas sua representação mais completa, a saber, Laodiceia (Ap 3.14-22) e Filadélfia (Ap 3.7-13).
Filadélfia representando o que seria na história uma igreja viva e saudável espiritualmente, já Laodiceia em contrário senso o que seria uma igreja morta e espiritualmente falida.
Na verdade em nossos tempos líquidos temos um crescimento alucinado de igrejas tipo Laodiceia; isto é, igrejas fracassadas se autoenganando que são espiritualmente relevantes (v-17a). Odres velhos pretendendo pateticamente conter o vinho novo da vida divinamente exaltada. Clubes sociais brincando de serem a comunidade que Jesus concebeu, porém, incapazes de reproduzir na interatividade e nas relações o comunitarismo que pode ser chamado de lar, onde os discípulos de Cristo podem sentir-se seguros, em paz e com o pleno sentido de pertencimento, de certa forma uma versão do que descreveu Anselm Grün: “lar é o lugar onde eu posso me sentir em casa, e posso ser como eu realmente sou, onde sou acolhido e amado” (Grün - 2011,p.7).
Pergunto eu temos esse sentimento de lar (respeitando as exceções que são cada vez mais raras) em nossas igrejas? Nem de brincadeira!!! O que temos então?Igrejas fakes substituindo o poder do Evangelho do Reino, que é o Evangelho da graça por gerenciamento, marketing estratégico, filosofia de crescimento, pragmatismo aplicado, ritualidades, entretenimento, misticismo paganizado,empolgação, psicologia de massa, confissão positiva, atos ‘proféticos’, picaretagem, enfim, impérios religiosos ébrios, lideranças intoxicadas de si mesmas fazendo o Diabo a quatro por poder político, dinheiro, prestígio social e alguns minutos de fama.
Não é de se estranhar que temos tanta gente sem amor, compaixão, graça, ou seja, gente sem alma abarrotando nossos templos e engrossando as estatísticas do crescimento numérico (e apenas isso) no assim denominado movimento evangélico. SDG.
Rev. Marcus King Barbosa - Psicanalista Clínico, Filósofo da Cultura, Teólogo Reformado, pastor da Igreja Batista Boas Novas e Discípulo de Jesus
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