Quero iniciar
esse texto fazendo uma indagação preliminar que é absolutamente imperativa parasse
discernir os limites e horizontes do tema. Qua seria a esse questionamento? O
que são as personas? Respondo afirmando que as personas são representações
simbólicopsíquicas que desde a tenra idade os falantes usam para se adaptarem as
realidades vivenciais apresentadas pela sociedade. O uso dessas personas
auxilia a interação intersubjetiva funcionando como uma interface entre o self
interno e o mundo exterior.
1.
Necessidade das personas
Devido à
necessidade intrínseca de interação social e relacional, o indivíduo
encontra-se exposto a elevados níveis de visibilidade nos diversos âmbitos da
intersubjetividade, que incluem o profissional, social, cultural, entre outros.
Em cada uma dessas esferas, é imperativo que o sujeito se adapte, seja devido
às exigências inerentes à dimensão em foco, seja pela necessidade de resguardar
aspectos pessoais que não demandam ou não devem ser divulgados publicamente.
Nesse contexto, as personas desempenham um papel crucial ao operacionalizar
tanto a adequação quanto a salvaguarda do Self. Essas representações
cuidadosamente elaboradas permitem uma integração harmoniosa nos diferentes
contextos, ao mesmo tempo em que protegem a essência mais íntima do indivíduo
de exposições desnecessárias ou indesejadas.
2.
Os perigos do abuso excessivo das personas
Embora o
emprego das personas na dinâmica da vida existencial e nas interações humanas
seja altamente funcional, o uso excessivo pode acarretar a identificação do
Self com o personagem que a persona representa em seus diversos papéis. Em
outras palavras, a ameaça inerente à identificação exacerbada da persona com o
self reside na alienação dos aspectos fundamentais e essenciais da própria
identidade ou condição como sujeito.
A
utilização adequada das personas é vital para uma navegação eficaz nas
complexidades sociais, profissionais e culturais. Essas máscaras sociais
desempenham um papel significativo na facilitação da adaptação a contextos
variados, permitindo ao indivíduo se expressar de maneira apropriada conforme
as demandas de cada situação. Contudo, quando essa identificação ultrapassa
limites saudáveis, ocorre um desequilíbrio, resultando na perda da conexão com
a própria essência.
O perigo
reside no fato de que uma identificação excessiva com as personas pode levar à
alienação dos elementos autênticos e essenciais do self. Isso significa que o
indivíduo pode se distanciar de sua verdadeira identidade, tornando-se uma
versão distorcida ou dissociada de si mesmo. Essa alienação dos aspectos
fundamentais da identidade pode gerar uma sensação de vazio, desconexão e até
mesmo conflitos internos, pois a pessoa se percebe cada vez mais distante de
quem realmente é.
3.
A importância do equilíbrio
A
intricada relação entre a necessidade de empregar personas e o risco potencial
de perder-se em seu uso excessivo impõe a exigência de uma resposta ou
abordagem adequada. Diante desse dilema, surge a questão crucial: qual seria a
solução para encontrar um equilíbrio saudável?
A
resposta a esse desafio reside na conscientização da dinâmica personificadora
assumida pelas personas nas diversas interconexões e intersubjetividades. É
vital compreender que essas máscaras sociais não devem ser confundidas com os
elementos fundamentais e não redutíveis da identidade e personalidade
individuais. Caso contrário, há o risco iminente de supressão da verdadeira
essência do ser em prol do espectro do personagem.
Assim, para
evitar a perda de si mesmo no uso abusivo das personas, é crucial cultivar uma
consciência profunda da própria identidade. Isso implica em reconhecer que,
embora as personas desempenhem um papel importante na adaptação às demandas
sociais e interações, elas são apenas representações superficiais e
adaptativas. O cerne da identidade, que abraça a autenticidade e singularidade,
não deve ser sacrificado em meio à complexidade dessas representações sociais.
A
solução, portanto, reside na capacidade de discernir entre as personas adotadas
para fins específicos e os elementos intrínsecos e inalienáveis da identidade
pessoal. Manter uma conexão sólida com a própria essência, mesmo ao desempenhar
diferentes papéis sociais, assegura a preservação da autenticidade e
integridade do self. Essa consciência proporciona uma base sólida para a
construção de relacionamentos genuínos, ao mesmo tempo em que evita a armadilha
de se perder na teia complexa das personas.
Dr. Marcus
King Barbosa
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