A salvação colocou um homem dentro de uma realidade de existência extraordinária. Essa extraordinariedade envolve suas dimensões em sentido completo e total. Isso estabelece uma nova forma de viver a vida e todas cores e significados que Paulo vai designar de uma nova criação (kainê ktísis) tamanho magnitude da obra envolvida nesse processo de salvar o homem perdido: “17 Portanto, se algum homem está em Cristo, ele é uma nova criatura; as coisas velhas são passadas; eis que todas as coisas se tornaram novas.” (2 Co 5.17). A pergunta aqui é como se vive essa nova criação?
Primeiro é indispensável ser
recriado em Cristo como obra de seu messianismo como representante pactual.
Estou dizendo que essa nova vida é fruto direto de um evento divino de
recriação que tem total relação com a obra sacrificial e representativa de
Jesus como o segundo Adão. Ela se inicia com a vivenciação dessa nova vida espiritual
e atingirá seu ápice na glorificação no retorno de Jesus para consumar o
destino do mundo: “45 As Escrituras nos dizem: “O primeiro homem, Adão,
se tornou ser vivo”. Mas o último Adão é espírito que dá vida” (1 Co
15.45). Segundo R.C. Sproul: Jesus é o segundo Adão onde à humanidade é
recriada.
Em segundo lugar é
necessário experimentar todos os processos da redenção em seu sentido efetivo.
Ou seja, ter uma vida espiritual é a concretização de vários processos do que a
bíblia vai chamar de redenção (apolytrwsis): novo nascimento,
justificação, conversão, santificação, glorificação (Jo 3.3; Rm 6.22; Hb 12.14;
Rm 5.1,16-18; Tt 3.7; Mt 13.15; Lc 1.16-17; At 3.19; Rm 8.17,30; 2 Ts 1.10). Dentro
desses processos alguns são imediatos, definitivos e exclusivos de Deus (novo nascimento,
justificação, união com Cristo, santificação, perseverança, glorificação),
outros por seu turno são processuais, em parceria com Deus (conversão, santificação,
perseverança). E outros ainda são futuros, gloriosos e de prerrogativa
exclusiva de Deus (glorificação). Sem a experimentação real desses processos é impossível
que alguém possa viver uma vida espiritual. Tratando desse assunto destacou
Murray J. Harris: Quando uma pessoa se torna cristã, Deus reorganiza
totalmente sua vida e altera toda sua estrutura: pensamento, sentimento, desejo
e ação. Nesta “nova criação”, independentemente de como ela é interpretada, um
conjunto de condições ou relações passou a não mais existir e um outro veio
para ficar.
Outro fator imprescindível
para se viver essa vida espiritual é estar unido a Jesus em sua realidade
existencial. Ser salvo para viver uma nova vida espiritual dentro de todos os
processos da redenção é estar unido em Cristo por meio a fé. Na verdade, sem Cristo,
sua mediação, sua obediência, sem vivermos a realidade de sua morte e
ressureição nenhum filho de Adão possui nada. Tudo o que temos está em nossa
união em Jesus: “5 Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua
morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição, 6 sabendo
isto: que a nossa velha natureza foi crucificada com ele, para que o corpo do
pecado seja destruído, e não sejamos mais escravos do pecado. 7 Pois quem
morreu está justificado do pecado. 8 Ora, se já morremos com Cristo, cremos que
também viveremos com ele. 9 Sabemos que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos,
já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele. 10 Pois, quanto a ter
morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive
para Deus. 11 Assim também vocês considerem-se mortos para o pecado, mas vivos
para
Deus, em Cristo
Jesus.” (Rm 6.5-11). Comentando sobre nossa união
com Cristo escreveu James Montgomery Boice: A união espiritual com Cristo
nos garante que somos um com Ele não só em sua morte, mas também em sua vida
(Boice-2011, p.336).
Dessa forma, é
vivenciando esses elementos fundamentais da salvação realizados por Jesus e recebidos
por fé indiscutivelmente salvadora. Estar com Ele em uma profunda conexão espiritual,
transcendental e existencial com sua messianidade produzida executivamente pelo
Espírito em sua selagem (Ef 1.13-15) e trabalho santificador (2 Co 3.17-18) que
podemos em verdade viver a vida espiritual que é prometido pelo Evangelho. Pense
nisto. SDG.
Rev. Marcus King Barbosa
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