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Autismo um olhar - Universo Linguistico


Universo Linguístico (continua no próximo post)



A linguagem é o signo que nos representa e caracteriza nós os falantes, por meio dela nos comunicamos, nos conectamos interagimos e construímos o tecido social, se isso já foi verdade no passado imaginem nessa nossa era (eon).



 De fato existimos num mundo saturado de opções de comunicação. Quem não domina os signos da linguagem está vivendo a margem deste mundo, mas também da interação social e construído mesmo sem perceber uma fortaleza não-comunicativa inexpugnável.



Entretanto, verdade é que muitos não conseguem utilizar se das ferramentas da linguagem no sentido de estabelecer uma comunicação desejável, ou seja, existem indivíduos relativa ou absolutamente incapazes de verter em comunicação todas as múltiplas opções sígnicas que temos a la carte.



Dentro desse âmbito dos que apresentam salientes déficits na linguagem tanto verbal como não verbal está os que sofrem do transtorno do espectro autista (TEA). No universo linguístico a criança autista apresenta um sensível comprometimento dos signos da linguagem o que torna  estimulador o isolamento, o distanciamento e a criação do seu mundo particular. Segundo Ana Beatriz As pessoas com autismo apresentam grandes dificuldades na capacidade de se comunicar pela linguagem verbal e não verbal e, com isso, permanecem isoladas e distantes em seus mundinhos particulares. (Silva – 2012).



O que chama a atenção é que essa linguagem verbal e não verbal são em somatória, a capacidade que temos de nos comunicar e interpretar o mundo e encerram: cartas, e-mails, textos, livros, conversas, sinais, símbolos, gestos, posturas corporais, expressões faciais, enfim. Aprendemos, desde muito cedo, a interpretar expressões faciais e a linguagem corporal das pessoas com quem interagimos. Uma grande parte da comunicação vem da linguagem não verbal. A união daquilo que dizemos com a maneira como o expressamos passa uma mensagem com riqueza de sinais e repleta de intenções subentendidas. Um prejuízo nessa capacidade de avaliação pode deixar a pessoa com poucos recursos para interpretar situações, resultando numa impressão de ser ingênua ou até mesmo inconveniente (Silva – 2012). Pórem é mais que claro que essa



Na verdade esse prejuízo enuncia muito do comportamento autista. Porém é mais que claro que essa incapacidade linguística vária em graus, formas e manifestação, isso foi bem claramente colocado pelo DSM-V ao destacar que muitos indivíduos têm déficits de linguagem, as quais variam de ausência total da fala, passando por atrasos na linguagem, compreensão reduzida da fala, fala em eco até linguagem explicitamente literal ou afetada. Mesmo quando habilidades linguísticas formais (p. ex., vocabulário, gramática) estão intactas, o uso da linguagem para comunicação social recíproca está prejudicado no transtorno do espectro autista (DSM -V – 2015, p.53).



É importante dizer que pesquisas mostram que muitos que sofrem do que era conhecido antes do DSM-V de síndrome de Asperge mantem um relativo desenvolvimento neurolinguistico. Assinalou em sua obra Psiquiatria Dinâmica Glen O. Gabbard que os níveis mais altos de TEA, em especial o que era tradicionalmente conhecido como síndrome de Asperger é em geral vistos como distintos dos transtornos mais graves do espectro pela relativa preservação do desenvolvimento cognitivo e linguístico (Gabbard – 2016).



Mas como detectar esse deficit que descreve o TEA? Alguns marcadores são de importância vitais:



• atraso ou ausência do desenvolvimento da linguagem falada que não se fazem acompanhar por tentativa de compensação por meio de gestos ou mímicas como um modo alternativo de comunicação (em geral, precedidos por falta de balbucio comunicativo);



• falha relativa em iniciar ou manter um diálogo;



• uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou uso idiossincrático de palavras ou sentenças;



• ausência de faz-de-conta espontâneo e variado ou, quando jovem, jogos de imitação social.

  



 O Compêndio de Psiquiatria Kaplan correlaciona essa anomalia na linguagem com a TEA em sua manifestação mais aguda, segundo essa abalizada referencia psiquiátrica o desvio linguístico, assim como o retardo no desenvolvimento da linguagem, é uma característica de subtipos mais graves desse transtorno. As crianças sofrem com a versão grave do transtorno sentem uma grande dificuldade para organizar as frases de uma forma inteligível, mesmo que tenham um vocabulário amplo. Nas situações em que as crianças com o transtorno e com retardo no desenvolvimento linguístico aprendem a conversar fluentemente, a conversação pode transmitir informações sem prosódia ou inflexão típicas (Sadock, Sadock e Ruiz – 2017).



 Neste ponto é preciso deixar bem estabelecido que esses marcadores linguísticos são em essência os primeiros indícios de que o desenvolvimento de uma criança não está perfeito, não anda como esperado é podem apontar para a presença do TEA. Diante desse quadro fático é imprescindível a intervenção de um especialista, o retardo nesses momentos respondem pela lentidão ou mesmo inépcia de muito tratamento desse transtorno.



Universo Comportamental (continua no próximo post)







Dr Marcus King Barbosa – Psicanalista Clínico, Filósofo e aprendiz de Discípulo

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