A Organização
Mundial de Saúde (OMS) fez uma afirmação inquietante. Segundo essa prestimosa organização
estamos vivendo a era da ansiedade, ainda segundo a OMS estima-se que em uma década cerca de 20% dos moradores
dos grandes centros urbanos estarão sofrendo deste transtorno.
As
ansiedades
Que prognóstico
sombrio, pior que extremamente verdadeiro e realista. Na verdade nem precisaríamos
do relatoria da OMS vemos isso em cada consultório e centro especializado de tratamento mental, não apenas nos grandes
centros, mas em todos os lugares. Claro que aqui está se focando a ansiedade
clínica, que como transtorno se manifesta em seis facetas clínica: fobia específica, transtorno do pânico,
transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), Transtorno de ansiedade generalizada
(TAG), transtorno de ansiedade social (TAS), transtorno de stress pós-traumático
(TEPT).
Os
sintomas concretos da ansiedade
Aqueles que
albergam uma dessas modalidades do transtorno de ansiedade do ponto de vista da
vida existencial frequentemente descobrem um arrefecimento considerável em sua
produtividade laboral, na manutenção da vida social e até mesmo nas questões
mais corriqueiras do dia-a-dia como afazeres domésticos, viagens, shows e eventos
comunitários, reuniões de trabalho,enfim.
O psicólogo cognitivo Robert L. Leahy em seu
livro – Livres da Ansiedade
considerou que pessoas com esses distúrbios frequentemente se descobrem
incapazes de trabalhar de modo eficaz, ter vida social, viajar ou manter
relações afetivas estáveis. Muitas vezes, elas recorrem deliberadamente a todo
tipo de estratagemas para evitar encontrar certas pessoas, estar em
determinados lugares ou desempenhar atividades consideradas corriqueiras, como dirigir,
enfrentar certas pessoas, estar em determinados locais ou desempenhar
atividades consideradas corriqueiras, como dirigir, embarcar em aviões ou
entrar em elevadores, não conseguir enfrentar multidões, participar de
reuniões, permanecer em espaços abertos ou não tolerar mínima quantidade de
sujeira ou desorganização (Leahy - 2011).
Se não bastasse
tal quadro atentatório de uma vida
existencial minimamente saudável, os pacientes acometidos pelo transtorno de
ansiedade e suas variantes sofrem de insônia crônica e tendências ao
isolamento, que em muitos casos levam a hospitalização.
Ansiedade
e suas comorbidades
É importante sublinhar que quem sofre de transtorno
de ansiedade passar por uma patologia real, devastadora e persistente, embora
socialmente subestimada, que não raro traz como coadjuvante a depressão, o
alcoolismo e o consumo de drogas, daí muitos profissionais em sede de
diagnósticos confundir os transtornos ou conjugá-los, para Robert Leahy trata-se
de uma doença real, duradora, que tem consequências
impactantes sobre vários aspectos da vida. Mas o problema não termina aí. Quem
apresenta o transtorno tem maior tendência de se tornar clinicamente deprimida,
dando a impressão de sofrer de duas condições debilitantes ao mesmo tempo(Leahy
- 2011).
A ansiedade ainda
custo muito caro para a sociedade, se levarmos em consideração, primeiro a
baixa produtividade do trabalhador acometido,e em segundo plano a ocorrência
aos serviços médicos de emergência, terceiro os que saem precocemente do universo
produtivo, por força de encostamento, licenças, enfim. Já fizeram a conta, não
sai barato para a sociedade o custo desse transtorno!
Os
motivos etiológicos da ansiedade
Preciso dizer e
sei que quase ninguém mais ignora que a situação está se agravando
vertiginosamente. Por quê? Ao meu ver duas equações e estão decisivamente
presente na resposta. A primeira delas tem haver com o ruir da falsa
sensação de segurança que nossa sociedade nos apresenta.Ninguém mais se
iludi com o discurso manipulativo de paz e segurança social feito pelo Estado,
a contrario senso, vivemos em um ambiente socialmente perigoso, desprotegido,
inseguro e insidiosamente mais estressante. Esse quadro posto tem contribuído para
o avanço e agigantamento do transtorno de ansiedade.
Em segundo lugar nós temos a
fragilidade e instabilidade dos vínculos afetivos. Precisamos de um nível
mínimo de estabilidade que assegure nossas conexões afetivas, essas conexões
são providas pela comunidade que funcionam como lugar de descanso e proteção,
como num maravilhoso contraste entre o lá fora e o aqui dentro da comunidade,
diz ele que lá fora, na rua, toda sorte de perigo está à espreita; temos que estar
alertas quando saímos, prestar atenção com quem falamos e a quem nos fala,
estar de prontidão a cada minuto. Aqui, na comunidade, podemos relaxar —
estamos seguros, não há perigos ocultos em cantos escuros fora (Bauman – 2003).
Entretanto, na prática o
que tem acontecido é que o contemporâneo não tem conseguido manter esse nível
de estabilidade, ao contrário tais conexões tem se mostrado menos estáveis e previsíveis.
A comunidade mudou radicalmente, sua condição foi essencialmente alterada e
essa transformação que adquiriu relevo na revolução industrial mutou as
comunidades orgânicas em grandes metrópoles. O resultado disso, o viver
conectivo deixo de ser mais coeso e tornou-se mais difuso exasperando a
sensação de orfandade e desvinculação
tem alavancado a reação subjetiva a isso que é a ansiedade.
Em terceiro lugar temos o alteração de
atores para consumidores existenciais. Essa retificação de modo de pensar a
vida em sociedade e a própria posição que os falantes assumem diante da existência
é altamente adoecedora um verdadeiro viveiro para o transtorno de ansiedade. Você
pode estar indagado nesse ponto, qual a relação entre consumo e ansiedade?
Muitas em todos os casos visto que a mentalidade consumista eleva ao maior
patamar as expectativas quanto aos bens de consumo que a satisfação torna-se
uma quimera, na prática nunca chega. E claro que um estado mental onde a
insatisfação é a marca registrada vai catalisar a ansiedade.
Na verdade, a
sociedade de consumo precisa gerar consumidores senão ela acaba. E ela fará
isso mesmo a custo de sua “felicidade”, saúde, inclusive mental, equilíbrio,
enfim. Sobre essa identidade consumista e o avanço da ansiedade explicou Robert
Leahy que ao mesmo tempo, as expectativas em relação ao conforto aumentaram em
razão de nossas identidades como consumidores – e não como cidadãos ou membros
de uma comunidade. Estamos em melhor condição material que nossos pais e avós,
mas sempre queremos mais (Leahy - 2011).
A
necessidade de uma transvaloração
Como vimos o
aumento dos transtorno de ansiedade tem uma correspondência direta com a
alteração dos valores e da forma de ver e viver a existência, essa também é uma
das conclusões que chega Robert Leahy, afirma ele que a receita não é simples e
direta, e ter a ajuda de um psicólogo ( e em alguns casos de um psiquiatra que
possa receitar medicamentos necessários) obviamente é importante. Mas a
predisposição para mudar alguns valores e posturas pode fazer uma enorme
diferença (Leahy - 2011).
Não apenas faz uma enorme diferença, é
decisivo! Isso porque é fato que ninguém torna-se clinicamente ansioso da noite
para o dia ou sem uma correlação entre a
dinâmica do pensar e o comportamento ansioso. Isto porque a psicologia nas últimas décadas
tem descoberto muito sobre o dinamismo do transtorno de ansiedade e como ele
opera no cérebro e como reage na formação dos padrões de comportamento.
Portanto, esse
reformulação axiológica é fundamental para superar, no sentido de controlá-la e
neutralizar sua poderosa força debilitadora da vida. É importante, repensar o
como se compreende a si mesmo, a existência, os outros, enfim. Se assim não
fizermos todas as medidas de combates desde a psicoterápica até a farmacológica
vai ser transformada em medidas puramente profiláticas. Pense Nisto! SDG
Marcus King Barbosa
– Psicanalista clínico, Teólogo, Filósofo da cultura e Aprendiz de discípulo
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