As psicoterapias
breves (PB) surgiram como respostas às demandas da saúde mental e
comportamental nas categorias do tempo, diversidade e pluralidade do contemporânea
que cada vez mais exigi soluções precisas e rápidas para problemas complexos e
urgentes.
Tal estado de
coisa tem produzido um público que não
procura ou deseja (e as vezes nem precisa) o modelo clássico da
abordagem psicoterapêutica psicanalítica de longo prazo.
Psicoterapias
uma Alternativa
Nesse ambiente
contextual as psicoterapias breves se avultam como alternativas à essa demanda
crescente por esse modelo de atendimento muito afeito a dinâmica da
pós-modernidade.
É decisivo
preliminarmente afirmar que a PTB não é apenas uma psicoterapia de prazo
determinado e curto, esse não é o foco medular, mas sim uma psicoterapia que
tem como pressuposto fundante a maior atividade do terapeuta dentro de um
âmbito delimitado de tempo para aplicação da técnica voltada para as
necessidades prementes do paciente. Se pensarmos bem a própria essência da
ideia de psicoterapia está voltada para o pressuposto enunciado, como teorizou
Carl Rogers, ao destacar que o processo da psicoterapia é uma experiência única
e dinâmica, diferente de indivíduo para indivíduo, se dividindo em algumas
características fundamentais para o êxito no processo psicoterápico (Rogers – 1997).
Outra coisa também muito importante é que não
falamos de PB mas de PBs devido a pluralidade de propostas técnico-terapeuticas.
As
PBs não são uma ruptura paradigmática
Além do mais quero
deixar consignado que a pesar de sua abordagem terapêutica diversa do modelo
clássico analítico o paradigma teórico das PBs de orientação psicanalítica se mantiveram
aderentes aos eixos fundantes da visão técnico-conceitual da psicanálise tendo
com tema de fundo predominante o inconsciente, seu estudo e dinamismo, que na
verdade desde Freud é um conceito central na teoria psicanalítica. E a explicação
disso é muito fácil visto que as PBs só puderam torna-se o que se tornaram por
conta do alto acervo clínico e teórico –técnico (teoria da personalidade, padrões
sintomatológicos, processos terapêuticos) fornecidos pela abordagem tradicional
de tratamentos longos levadas a curso pelas escolas psicanalíticas.
Nem
tudo são flores
Como as
psicoterapias foram recepcionadas dentro do universo psicoterapêutico analítico?
Transitando entre entusiasmo, desconfiança e rejeições abertas. As criticas distavam
em torno dos seguintes tópicos: real eficácia da técnica, tempo de sessões, a
postura ativa do terapeuta, enfim, questões que se avaliarmos bem são também as
que as PBs se deparam na atualidade. É como bem classificou a professora Martha
Dantas, percorrendo a história do surgimento das psicoterapias breves de base
psicanalítica, observa-se que muitas das questões, a favor e contra as PBs, com
as quais deparamos hoje, já estavam presentes nos momentos iniciais, seja
baseado na teoria das pulsões, seja na teoria
das relações de objeto ou na
teoria psicanalítica estrutural. Questiona-se não só a relevância e a
eficácia da técnica, como também seus limites (Dantas – 2003).
Para ser bem
sincero o próprio Freud em seus primeiros casos seguiu uma abordagem breve, os
casos emblemático e que serviram de pavimento para a teoria formativa das PBs
foram o caso Katharina em Estudos sobre a histeria e o Homem dos Lobos, porém,
é possível acrescentar outros como por exemplo: o pequeno Hans, o caso Dora, a impotência
de Gustav Mahler, entre outros.
A
pertinência das PBs
O que tornou as
PBs relevante como via psicoterápica na pós-modernidade? No meu sentir as
técnicas que tornam a PBs uma alternativa válida na atualidade e que no meu ver justificam sua pertinência psicoterapêutica
são em primeiro lugar a proposta da experiência emocional corretiva (EEC). Em
segundo lugar a flexibilização da
técnica e sua direção as exigências do caso concreto. Terceiro a utilização da
técnica levando em consideração a psicodinâmica dos conflitos esposados pelo
paciente. Quarto a delimitação do prazo psicoterapêutico. Quinto a busca consciente
de planejamento psicoterapêutico. Sexto a posição ativa do terapeuta desde as
fases propedêuticas do tratamento. Todas essas características em suma tem como
propósito ulterior a melhoria da pessoa/paciente, visto que como disse
Alexander, o objetivo terapêutico é sempre a melhoria das habilidades do
paciente para encontrar satisfações às suas necessidades subjetivas, de uma
maneira aceitável para ele mesmo e para o mundo em que vive, e assim, liberá-lo
para desenvolver suas capacidades (Alexander – 1965).
Por fim é
determinante declarar que no atual cenário psicoterapêutico das PBs temos várias
propostas de abordagem terapêutica, muitas delas extremamente ecléticas e não consensuais
tais como: psicodrama, relaxamento, abordagem direta ao inconsciente (ADI), PNL, hipnose, enfim, que demanda dos
psicoterapeutas muita reflexão e criterioso rigor técnico, aliado ao preciso
estudo do caso concreto envolvendo o paciente. Para aprofundamento ler: As
psicoterapias breves, E. Gilliéron. As fronteiras da Psicoterapia breve, D.
Malan, Psicoterapia ppsicanalítica breve, T.S Lowenkron.
Marcus Barbosa –
Psicanalista Clínico, Teólogo, Filósofo da cultura e Aprendiz de discípulo
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