Erik Erikson
foi alemão nascido nos anos de 1902 em Frankfurt vindo a falecer 1994. A partir
de 1933 começou a residir nos EUA sendo que nesse pais, lencionou em várias universidades.
Erikson se interessou pela psicanálise formando-se no Instituto de Viena.
Porém, Erikson foi assumido uma postura crítica ascendente em relação aos
pressupostos dessa teoria; sobretudo, por alegar a suposta indiferença aos
processos de interface entre o individuo e seu meio, por conta disso seu enfoque centraliza-se para o problema da identidade e das crises do ego,
ancorado em um contexto sociocultural:
Naturalmente, a
negligência geral desses fatores na psicanálise não favoreceu uma aproximação
com as Ciências Sociais. Os estudiosos da sociedade e da história, por outro
lado,continuam ignorando alegremente o simples fato de que todos os indivíduos
nasceram de mães; de que todos nós já fomos crianças; de que as pessoas e os povos
começaram em seus berçários; e de que a sociedade consiste em gerações no
processo de desenvolvimento de filhos em pais.
(Erikson, 1987, p.
44)
Disto irrompe nele o vívido interesse pela antropologia e os inúmeros fatores que defluem das
interações psicossocias do desenvolvimento humano. Essa atenção colocou os
acentos definitivos na construção de sua teoria psicossocial.É bem verdade que
a mudança de foco levada a efeito por Anna Freud para o ego teve um papael
distinto. Em Freud, o ego aparece como sistema muitas vezes subserviente ao id.
Anna, em seus avanços teóricos atribuiu ao ego uma característica de mais
autonomia, com um maior destaque de decisão e de operação. Anna também aplicou
aos processos de defesa um papel menos patológico do que Freud o fizera.E os
ampliou para 10 e não 7, esta fase na Psicanálise ficou conhecida como época da
“Psicologia do Ego”, onde se diminuía a ênfase no inconsciente (Hall, et. al.,
2000).
Isso, de
certa maneira, forçou Anna Freud a transposicionar os estágios de
desenvolvimento de seu pai eminentemente psicossexuais para uma espécie de
dinâmica dominativa do ego.
Essas alterações formaram um piso solido para
os estudos de Erik Erikson que partindo desse lugar seguro estabeleceu uma
teoria do desenvolvimento humano que diferenciou-se da teoria psicanalítico freudiana.
Essa diferença estabelecida é relevante não apenas para a própria concepção estruturante do desenvolvimento humano como para as
concepções da formação da personalidade, visto que para Erikson os estágios
progressivos do desenvolvimento são elos protagonistas na formatação do
psiquismo e da própria identidade existencial do homem, sempre destacando o ser
humano como um ser social, antes de tudo, um ser que vive em grupo e sofre a
pressão deste gregarismo.
Neste
caminho formativo sua teoria do desenvolvimento diferencia-se da de Freud
primeiramente por ser psicossocial. Em segundo lugar por conceber o
desenvolvimento humano até as últimas luzes crepusculares da vida humana, Ou
seja, na concepção de Erikson o desenvolvimento humano se impõ ao homem do
nascimento até a sua morte.
Essa
extensão torna essa teoria indubitavelmente psicodinâmica, pois, salienta que o
ajustamento e desajustamento são transitivos, sujeitos a alteração e reversões
em todos os limiares da trajetoria do individuo até seu termino. Por seu turno
esses estádios se desarrolam em níveis expansiivos à medida em que suas
exigencias e reclames são atendidos e solucionados, essas crises sanadas
apresentam um conjunto de novas capacidades triádicas: emocionais, sociais e
culturais que geram uma expertise para os estádios posteriores.
Desse modo é
pertinente avaliarmos essa teoria afim de agregarmos valores as nossas própria
intelecções sobre o desenvolvimento humano e a síntese do psiquismo. Podemos
então apresentar os oitos estádios da teoria psicossocial de Erik Erikson no
seguinte arranjo:
1) – Estágio um: Confiança
versos desconfiança (0-18 meses)
Este estádio
é marcado pela relação que o bebé estabelece com a mãe, correspondendo ao estágio oral freudiano. Nesse estágio se a relação é
compensadora, a criança sente-se segura, manifestando uma atitude de confiança
face ao mundo. Se a relação com a mãe não é satisfatória, desenvolve
sentimentos que conduzem à formação de uma atitude de desconfiança. Quando o bebê vivencia positivamente estas descobertas, e quando a mãe
confirma suas expectativas e esperanças, surge a confiança básica, ou seja, a
criança tem a sensação de que o mundo é bom, que as coisas podem ser reais e
confiáveis. Do contrário, surge a desconfiança básica, o sentimento de que
mundo não corresponde, que é mau ingrato. A partir daí, já podemos perceber
alguns traços da personalidade se formando, ainda que em tão tenra idade
(Erikson, 1987 e 1976). A crise deste estágio ocorre entre o bebé e a mãe.
2) - Estágio dois: autonomia
versos dúvida (18 meses -3 anos)
Neste
estágio, no modelo freudiano é o anal, a criança está operacionalmente
dinâmica na exploração do meio que a rodeia. Nesse ponto, se for encorajada,
desenvolve autonomia e autossuficiência.
Entretanto, se for muito protegida e
controlada, desenvolve um sentimento de dependência, de vergonha em se expor,
de dúvida em relação às suas capacidades de desenvolver atividades sozinha. Aqui
a dependência e subordinada a aprovação das outras pessoas e apresenta o desejo
manifesto de independência. Segundo Erikson, na verdade, de
raiva dirigida a si mesmo, já que pretendia fazer algo sem estar exposto aos
outros, o que não aconteceu. A vergonha precederia a culpa, sendo esta última
derivada da vergonha avaliada pelo superego (Erikson, 1976)
3) - Estágio três: iniciativa
versos culpa (3 a 6 anos)
Neste nível,
que na teoria freudiana é a fálica, as crianças encetam iniciativas e
desenvolvem as suas atividades, sentindo grande prazer quando obtêm sucesso. Não
obstante, quando não conseguem ou não é favorecido o desenvolvimento das suas
iniciativas pela repressão ou punição paterna, a criança sente-se reprimida e
consequentemente culpada por desejar; isto é, pelo seu desejo e comportamento trata-se. Para Erikson a combinação confiança-autonomia dá à criança um
sentimento de determinação, alavanca para a iniciativa. Com a alfabetização e a
ampliação de seu círculo de contatos, a criança adquire o crescimento
intelectual necessário para apurar sua capacidade de planejamento e realização(Erikson,
1987)
4)- Estágio quatro: expertise versos
inferioridade (6 a 12 anos)
Nesse estádio,
que na fase freudiana é a latência, o elemento predominante é o educacional
tendo seu lugar de destaque nas tarefas e atividades laboradas pelo estudante.
Se a criança corresponde ao que lhe é exigido no processo de aprendizagem, a
sua curiosidade é estimulada bem como o desejo de aprender. O êxito estudantil
desenvolve nela sentimentos de autoestima, de competência, enfim.
Por sua vez,
se a criança se sente incapaz de atingir com sucesso as atividades escolares,
quando os seus companheiros as atingem, pode desenvolver um sentimento de
inferioridade, desinvestindo nas tarefas.
5)- Estágio cinco: identidade versos
confusão de identidade (12 a 18 anos)
A estruturação
estável da identidade é a tarefa fundamental deste estágio. Essa construção se estabelece por via da experimentações dos papeis
socioexistenciais possíveis. Aqui, Erikson destaca o surgimento do envolvimento
ideológico, que é o que comanda a formação de grupos na adolescência
(Erikson-1987). Esse papeis realizados com eficiência vão permitir ao
adolescente apreender a auto-identidade e singularidade de sua essência e
vivencia, o seu ser-aqui-no-mundo em diferenciação do estar-aqui-com-o-outro. Se
não consegue definir os papéis que pode ou quer desempenhar, experimenta uma
confusão de identidade e de papéis.
6)- Estágio seis: intimidade versos isolamento
(18 a 30 anos)
No sexto
estádio a identidade do individuo já está completamente construída sendo que o
dinâmica do desenvolvimento recai sobre a estabilização a aprofundamento dos vínculos
afetivos e sexuais que são um recorte positivo da sua experiência adulta. Aqui o
afã é pela maturidade relacional e um avanço que progrida para relações de
amizade e afeto com o outro. Desorte que em não efetivado esse vínculos, o
individuo pode distanciar-se impondo o isolamento.
7)- Estágio sétimo: generatividade versos
estagnação (30 a 60 anos)
Nesse estádio
de progressão o impacto se dá com densidade na transmissão, no estabelecimento
de um legado a sua posteridade, não apenas em nível familiar ou dos vínculos
mais aproximados, mas, de ser uma referencia mais comunitária e coletiva.
Nesse
universo de desenvolvimento o homem quer ser protagonista em processos
profundíssimos de revoluções que melhorem o mundo. Entretanto, é mais que
evidente que em rota reversa esse individuo pode permitir que as tendências subjetivas do caos e narcisismo ganhem papel de destaque em sua vivencia
existencial que inovivelmente este irá experimentar a estagnação.
8)-Estágio oitavo: Compleitude versos
desespero (a partir dos 65 anos)
Neste último
estágio do desenvolvimento o homem começa a experimentar um processo
inabordável de avaliação de sua trajetória existencial, sob o paradigma do
sucesso ou fracasso, satisfação ou desilusão, enfim. Neste ponto, o indivíduo
avalia a sua existência como um todo, em seus variados coloridos e nuances,
podendo experimentar sentimentos de alegria ou angustia.
No caso em
tela de exame a compleitude advém da avaliação positiva de seu legado. Por sua
vez, o sentimento de desespero é fruto da constatação do fracasso existencial e
a impossibilidade temporal de recomeço imposto pela idade e conjunturas
inerentes.
Em sede de
conclusão paramos aqui com uma abordagem que ao mesmo tempo que é
ultrapanorâmica também contribui para lançar um feixe fino de luz sobre aspectos
altamente significativos do ensinamento psicodinâmico de Erik Erikson sobre
desenvolvimento humano, mesmo que em nível preliminar.
Se não
bastasse isso, ao estudá-la também apreendemos um pouco sobre a relação
imediata do desenvolvimento humano em seus multiformes estágios com a
formação da personalidade, ficando patente que a personalidade reage as alterações
e mudanças que se interpõe em seu avanço existencial.
Além disso, atentando ao que o texto apresenta
vemos em esboço como não foi pacifico a abordagem psicanalítica sobre o
desenvolvimento humano (como nenhum outro tema) como as relações subjetivas da
personalidade, notadamente do Ego e as outras instancias.
De fato, espero que tal resumo críticoconceitual
desse magnifico trabalho teórico de Erikson, estimule quem o ler a seguir a
fonte e ampliar in locus o conhecimento do arcabouço psicanalítico existencial
desse grande escritor e intelectual psi.
Dr. Marcus
King Barbosa – Psicanalista Clínico, Psicoterapeuta Holístico, Especialista em
neuropsicologia e Mestre em Psicologia e Filósofo Existencialista
Comentários
Postar um comentário