Introdução: O mundo se tornou
um grande caos desde que nossos pais primitivos se afastaram da vontade de Deus
cometendo rebelião e pervertendo seus caminhos existenciais no mundo criado por
Deus.
A resposta divina a essa
condição comprometida da sua criação amaldiçoada por sua alienação voluntária foi
o que conhecemos como pacto da Redenção. Esse pacto (berith, diathekê)
que envolve as pessoas da trindade no acordo de salvar a humanidade eleita.
Esse pacto é o fundamento para o novo pacto (kainê diathekê) que
tem a Cristo como seu portador e que é o modo experimental que Deus em Jesus
salva dentro do âmbito históricotemporal o homem da situação irreversível que
existi diante de Deus, do próximo e de si mesmo.
1. Se
coloque integralmente no domínio da graça divina
A graça (káris) de Deus é a
primeira forma que Deus começa resgatar a humanidade de sua alienação é o
acontecer que fundamenta todos os outros acontecimentos e processo salvíficos:
“13 Por isso, preparando o seu entendimento, sejam sóbrios e esperem
inteiramente na graça que lhes está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo.”
(1 Pe 1.13).
Essa graça é o movimento
incondicional de Deus para com o homem que apesar de sua deformidade moral e
espiritual, de sua total ausência e mérito ou qualquer condição de apresentação
face ao divino e sua justiça perfeita ele o salva totalmente. R.C. Sproul dizia
que é a sua graça que nos chama ao viver cristão: A iniciativa graciosa de
Deus nos chama, de modo eficaz, à nova vida (Sproul-2020) Entendam, não de
modo vago, incerto e sem certezas, mas de forma eficiente. Ela impulsiona o
homem viver um existir inverso ao que ele estava vivendo marcado agora pela obediência
e santidade (1 Pe 1.14-16).
Penso que a revelação nos
apresenta um quadro e um personagem que, ao meu entender, equilibra essas duas
dimensões, da graça e do viver justo e obediente, visto que um é resultado e
reflexo do outro. Esse personagem termostático é Noé: “8 Mas Noé encontrou
graça aos olhos do SENHOR. 9 ¶ Estas são as gerações de Noé: Noé foi um homem
justo e perfeito nas suas gerações, e Noé andava com Deus.” (Gn 6.8-9). Notem
que sem a atuação da graça de Deus jamais Noé poderia andar (hithalek)
com Deus sendo um homem justo (tsadiq) e maduro (tamim).
Comentando sobre essa graça determinante salientou T. D. Alexander: Das
dezenas de vezes que a Bíblia menciona favor ou graça, esta é a primeira. Noé
representa a minoria que permanece correta apesar do mal ao redor; ele foi o
primeiro, mas não o último. É por esse pequeno grupo de crentes que Deus clama
em cada geração (Alexander -2016)
2. Se
coloque integralmente no domínio da fé na obra redentora de Cristo
A medida em que a graça divina
nos impacta começamos a exercer a fé salvadora, eficiente, exclusiva no
significado histórico e redentivo de Jesus: “18 sabendo que não foi
mediante coisas perecíveis, como prata ou ouro, que vocês foram resgatados
da vida inútil que seus pais lhes legaram, 19 mas pelo precioso sangue de
Cristo, como de um cordeiro sem defeito e sem mácula. 20 Ele foi conhecido
antes da fundação do mundo, mas foi manifestado nestes últimos tempos, em favor
de vocês. 21 Por meio dele, vocês creem em Deus, o qual o ressuscitou
dentre os mortos e lhe deu glória, para que a fé e a esperança de vocês estejam
em Deus.” Grifo meu (1 Pe 1.18-21). O que ele representou dentro do
plano Redentor, os efeitos de sua obediência passiva e ativa; isto é, sua obediência
perfeita a vontade de Deus diferentemente de Adão e a integra de sua vida na
morte sendo crucificado (Fp 2.5-11). A graça capacita o pecador arrependido a enxergar
com um novo olhar o que Jesus realizou e os desdobramentos de seu ensino e os
efeitos cósmicos de sua morte e sofrimentos.
Sem o exercício da fé voltada para
a realidade histórica e escatológica desse sacrifício e resgate não seria algo
realmente factível, mas uma profunda e lamentável distopia. Comentando sobre
essa graça que o crente recebe pela fé que o capacita a receber
regeneradoramente todas as realidades e implicações da morte de Cristo afirmou
N.T. Wright: Fôramo, todo nós, usados para todos os tipos de propósitos que
não aqueles para os quais fomos criados. “Práticas fúteis”, diz Pedro. Deus
entrou na loja de antiguidades e pagou o preço final por nós: o sangue precioso
do Messias, o próprio filho de Deus (Wright – 2020).
3. Se
coloque integralmente no domínio da Palavra
Finalmente vemos o compromisso
com a Palavra como outro elemento decisivo, fundamental para o resgate dessa
forma repulsiva do homem viver diante da face do seu Criador: “22 Tendo
purificado a alma pela obediência à verdade, e com vistas ao amor fraternal não
fingido, amem intensamente uns aos outros de coração puro. 23 Porque vocês
foram regenerados não de semente corruptível, mas de semente incorruptível,
mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente. 24 Porque “toda a
humanidade é como a erva do campo, e toda a sua glória é como a flor da erva. A
erva seca, e a flor cai; 25 mas a palavra do Senhor permanece para sempre.”
(1 Pe 1.22-25). Pedro deixa explicito que a Palavra sob a gestão do Espírito começa
a efetivar mudanças matriciais dentro e nas relações do pecador arrependido.
Por meio dela o novo nascimento se realiza trazendo um impulso interior para a
produção das boas obras. A Palavra nos aproxima da verdade permitindo que nos
tornemos seus seguidores. Além disso, por meio dela somos levados a expulsar um
amor narcísico e egoísta e amar sacrificialmente o outro com um amor que tem
sua fonte formativa no próprio Deus (1 Co 13.4-8), melhor na sua graça ativada
pelo Espírito por meio da Palavra. Sobre
esse tamanho poder da Palavra nas mãos do Espírito destacou o autor de Hebreus:
“12 Pois a palavra de Deus é viva e poderosa. É mais cortante que
qualquer espada de dois gumes, penetrando entre a alma e o espírito, entre a
junta e a medula, e trazendo à luz até os pensamentos e desejos mais íntimos.
13 Nada, em toda a criação, está escondido de Deus. Tudo está descoberto e
exposto diante de seus olhos, e é a ele que prestamos contas.” (Hb
4.12-13). Novamente ouçamos R.C. Sproul: A Palavra de Deus é usada pelo
Espírito Santo como instrumento para levar os pecadores a um conhecimento da
graça em Jesus Cristo. (Sproul-2020).
Portanto, esse resgate que entrou
dentro da rota existencial humana redirecionando-a para o céu, para uma nova
dimensão, para uma nova realidade existencial e espiritual tendo a Jesus como
protótipo está disponível para todos desde que vivamos os passos ou realidade aqui
descrita por Pedro e a revelação de maneira mais abrangente. Experimentemos
desse resgate para vivermos a plenitude dessa nova vida em Cristo. SDG.
Rev. Marcus King Barbosa
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