Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2024

The turbulent sea of our subjectivity and depression

  When I refer to the metaphor "turbulent sea of our subjectivity" I am using a powerful image to describe the complexity and depth of human emotions. Our subjectivity, that is, the way we perceive and interpret the world, is influenced by a tangle of factors with the subject as the central factor; that is, heredity, interactions, abuses, plots, expectations, perception of roles and social position, in short.   In this sense, when we talk about the etiological formation of depression, this metaphor can be particularly valuable. Why? Because depression in many cases will emerge from a dense tangle of emotions, feelings and thoughts that become difficult to discern: feelings of sadness, hopelessness and anxiety, in short. These sensations can accumulate, creating a sense of being adrift in a stormy ocean, hence my use of the metaphor of a turbulent sea. The truth is that subjectivity, in this context, can be seen as a ballast, something that weighs and influences our emot...

O mar turbulento de nossa subjetividade e a depressão

  Quando me refiro a   metáfora   “mar turbulento de nossa subjetividade”   estou utilizando-me de uma imagem poderosa para descrever a complexidade e a profundidade das emoções humanas. Nossa subjetividade, ou seja, a maneira como percebemos e interpretamos o mundo, é influenciada por um emaranhado de fatores tendo o sujeito como fator central; ou seja, hereditarismo, interações, abusos, tramas, expectativas, percepção dos papéis e posição sociais, enfim.   Nesse sentido, quando tratamos sobre a formação etiológica da depressão, essa metáfora pode ser particularmente valor. Por quê? Porque a depressão em muitos casos vai emergir de um emaranhado denso de emoções, sentimentos e pensamentos que se tornam difíceis de discernir: sentimentos de tristeza, desesperança e ansiedade, enfim. Essas sensações podem se acumular, criando uma sensação de estar à deriva em um oceano tempestuoso, daí minha utilização da metáfora de um mar turbulento.   A verdade é ...

Subjective truth and our existential journey

  Lacan's phrase, "Each one achieves the truth he is able to bear" , carries a depth that leads us to reflect on the subjective nature of truth and the human capacity to face it. In a world where reality is often complex and painful, the truth we see becomes a kind of distorted mirror through which we incorporate into our existence only what we are ready to accept.   This truth, then, is neither universal nor absolute, having nothing to do with the Truth ( aletheia ) that Jesus refers to as liberating (John 8:31-32). Therefore, this subjective truth, so to speak, is shaped according to our emotional, cognitive, and affective limits within our intersubjective universe. From this we discern that it is not this truth that adapts to us, but we who adapt to what we perceive of it through our senses, filtering what we can bear without collapsing as subjects. This process is undeniably reveals the hermeneutic fragility of the human being, who walks on the threshold between d...

A verdade subjetiva e nossa caminhada existencial

  A frase de Lacan, "Cada um alcança a verdade que é capaz de suportar" , carrega uma profundidade que nos leva a refletir sobre a natureza subjetiva da verdade e a capacidade humana de enfrentá-la. Em um mundo onde a realidade é muitas vezes complexa e dolorosa, a verdade que enxergamos se torna uma espécie de espelho distorcido pelo qual incorporamos em nossa existência apenas o que estamos prontos para aceitar.   Essa verdade, então, não é universal nem absoluta, nada tendo de ver com a Verdade ( alêtheia ) que Jesus se refere ser libertadora (Jo 8.31-32). Portanto, essa verdade subjetiva, por assim dizer, ela se molda conforme nossos limites emocionais, cognitivos e afetivos dentro de nosso universo intersubjetivo. Daí discernimos que   não é essa verdade que se adapta a nós, mas nós que nos adaptamos aquilo que percebemos dela por nossos sentidos, filtrando aquilo que conseguimos suportar sem desmoronar como sujeitos. Esse processo inegavelmente revela a fragili...

The rejection of grace characterizes an apostate movement

  Do you know what the enormous tragedy of the evangelical movement is today? Not to see or perceive the fundamental necessity, constitutive of divine grace. This becomes a salient historical and temporal feature of the church in apostasy and its rejection of grace as an eschatological anticipation of Christ's parousia: 17 And yet you say, 'I am rich, I have gained much riches, and I need nothing else.' Yet you do not recognize that you are miserable, pitiful, poor, blind, and naked! (Rev. 3:17). Commenting on this repulsion, divine grace, which marks an unprecedented spiritual apathy, William Tyndale (1494-1536) pointed out: We are as it were asleep in such profound blindness that we cannot see or feel in what misery, servitude and turpitude we are (Tyndale-2010). This beautiful description illustrates with vivid colors the feeling that would mark our post-Christian era with uniqueness, a deep intoxicating self-sufficiency that would make us that would obscure the unders...

The Divine Self-Revelation and the Work of the Reformed Theologian

  Our activity as public theologians fundamentally depends on theological work. This work, in turn, originates from the hermeneutical perception that God communicates with His moral creation made in His image ( imago Dei ), meaning the understanding that God has spoken to His creation. This speaking is obviously mediated ( Vermittelte ); it does not come to us in a literal divine discourse but is instead unveiled, adapted, and contextualized to our condition as creatures, to our essential limits and frailties—namely, understanding, imagination, and perception. As R.C. Sproul explained: God addresses us on our terms, and because He made us in His image, there is an analogy that provides a means of communication with Him (Sproul - 2017).   This means used by God to reveal Himself to His creation is designated by theology as revelation ( g’lâh, apokalypsis, phanêrosis ). Revelation is, therefore, the way God unveils or reveals Himself (epistemology) to His creation in what i...

A autorrevelação divina e o trabalho do teólogo reformado

  Nossa atividade como teólogo público depende fundamentalmente do fazer teológico. Por seu turno esse fazer é oriundo da percepção hermenêutica de que Deus se comunica com sua criação moral criada a sua imagem ( imago Dei ), ou seja, o entendimento de que Deus falou com sua criação. Esse falar, obviamente, é mediado ( Vermittelte ), ele não chega em nós num discurso divino literal, mas ao contrário, é desvelado, adaptado e contextualizado a nossa condição de criaturas, nossos limites e fragilidades essenciais; isto é, de entendimento, de imaginação e percepção, como explicitou R.C. Sproul: Deus se dirige a nós em nossos termos, e, porque ele nos fez à sua imagem, há uma analogia que nos proporciona um meio de comunicação com ele (Sproul- 2017). Esse meio usado por Deus para se descortinar à sua criação a teologia vai designar de revelação ( g’lâh, apokalepsis, phanêrosis ). Revelação é, portanto, a forma como Deus se desvela, se descobre (epistemologia) para sua criação naqu...

Capacidade adaptativa e Neurociência

A Neurociência tem nos revelado uma verdade fascinante e essencial: a capacidade adaptativa e plástica do cérebro, especialmente durante a infância. Essa plasticidade cerebral é uma característica que permite ao cérebro se reorganizar, formar novas conexões e se adaptar às diversas experiências e aprendizados ao longo da vida. No entanto, é durante a infância que essa capacidade é mais pronunciada, tornando esse período crítico para o desenvolvimento cerebral. Como destacado por Mariana Pedrini Uebel em seu renomado livro O Cérebro na Infância : O que podemos fazer para ajudar a criança a otimizar o desenvolvimento de seu próprio cérebro?  (Uebel, 2022) é fundamental que proporcionemos às nossas crianças as condições ideais para usufruir dessa plasticidade. Isso implica criar um ambiente rico em estímulos variados que fomentem o desenvolvimento cognitivo, emocional e social. Para otimizar o desenvolvimento cerebral das crianças, é vital que elas sejam expostas a um universo multifa...

Segundo Hebreus 6.1-4 os crentes podem perder a salvação?

  Recentemente ouvi de uma pregadora em um aniversário de uma igreja, a partir do texto de Hebreus que o crente pode perder a salvação: 4 É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, se tornaram participantes do Espírito Santo, 5 provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro 6 e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à zombaria (Hb 6.1-4). Esse argumento baseado nesse texto é algo bem comum na defesa daqueles se opõem a doutrina reformada da perseverança dos santos (não falei dos pecadores!). Por conta disso, aproveitei o ensejo para fazer uma análise mais detida desse texto e provar que seu uso, da maneira que a pregadora usou e os demais, é equivocado e carece de rigor hermenêutico e teológico. Superando então essa preliminar enfrentemos a seguinte problemática: por que Hebreus 6.1-4 não pode significar que o...

Resposta ao pastor Paulo Henrique na questão da expiação ilimitada programa Veja só

  Sou pastor Batista Reformado e assistindo ao  debate no pragrama Vejam só , fui provocado a responder a varias colocações que foram feitas pelo pastor Paulo Henrique. Minha considerações seguem o o seguinte recorte:  Primeiro equívoco do pastor Paulo de tentar enunciar a extensão da expiação por meio do chamado “universal” como se ele explicasse a ilimitabilidade da expiação. Por quê? Porque ele não elucidou que na revelação bíblica o chamado é de dupla natureza, o chamado externo de natureza instrumental e agenciatório e o chamado interno exercido pelo Espírito que é habilitador e   eficiente porque implica na fé salvífica e como já visto o trabalhar do Espírito (At 16.14: Kyrios diênoikse : Abriu o Senhor; At 2.37: katenúgêsan , verbo indicativo aoristo passivo: sofreram apunhaladas; Ef 1.13: pisteúsantes : verbo particípio aoristo, crendo sempre do modo completo). Esse chamado interno é eficaz, não é genérico, mas importa na ingerência pessoal do Espírito e, p...

COMO PODEMOS VIVER O CONFORTO EXISTENCIAL NESSA VIDA?

  A vida cristã   é uma jornada que, para muitos, é historicotemporalmente longa. Como se pode viver uma jorna dessa natureza de modo confortável? Como podemos em sentido prático e real viver esse desafio existencial com Jesus com êxito e conforto? A revelação bíblica nos concede algumas pistas, alguns indícios preciosos. Primeiro é possível viver o conforto existencial por meio do exercício da fé em Cristo que me torna pertencente ao reino de Deus Entendam que a fé não só nos aproxima de Jesus, ela nos insere no âmbito de seu reino. De fato, esse é o principal escopo da fé dentro do plano redentivo. Aquele que crê entrega sua via por inteiro ao Senhor Jesus, sem reservas ou parcimônias. O apóstolo Paulo ao argumentar que o discípulo deveria viver uma vida santa e de total integra a Cristo fez isso a partir da realidade de pertencimento a Deus que a fé impunha: “18 Fugi, portanto, da imoralidade sexual. Qualquer outro pecado que uma pessoa comete, fora do corpo os comete...

Uma nova relação com Deus

  O conceito de que o novo relacionamento com Deus se dá por meio do Espírito habitando em nós é um tema central na teologia cristã. Este entendimento destaca a ideia de uma transformação interior e pessoal que transcende a observância ou vivência de rituais ou leis externas.   Na Revelação, notadamente, no contexto revelacional do novo Testamento, encontramos várias passagens que sustentam essa perspectiva. Vejamos, no Evangelho de João (Jo 14:16-17), Jesus promete enviar o Espírito Santo para estar com os crentes e habitar neles. Este Espírito ( Ruach L’Qadoch ) é descrito como o Consolador ( paraklêtos ), o Espírito da verdade, que guia, ensina e revela a vontade de Deus aos crentes.   Outrossim, o apóstolo Paulo também aborda essa transformação interna em suas cartas. Por exemplo, em sua carta literária aos coríntios ele destaca que os discípulos são santuários do Espírito: 19 Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo, que est...

migalhas relacionais

 As migalhas emocionais referem-se aos pequenos gestos de afeto, atenção ou consideração que alguém oferece de forma esporádica e insuficiente, muitas vezes para manter o outro interessado ou ligado emocionalmente. Este conceito pode ser analisado sob uma perspectiva existencialista, que se preocupa com a autenticidade e o significado das relações humanas. Sob essa ótica, viver de migalhas emocionais pode ser visto como uma forma de auto-engano e falta de autenticidade. Quando aceitamos essas migalhas, estamos aceitando menos do que merecemos e perpetuando uma relação baseada em ilusões, em vez de enfrentar a realidade e buscar conexões mais genuínas e significativas. Isso pode levar a um estado de alienação, onde nos afastamos de nossa própria essência e de nossos verdadeiros desejos e necessidades. Existencialmente, isso também pode ser visto como uma renúncia à liberdade de escolher nossas relações e determinar nosso próprio caminho. Aceitar migalhas emocionais é uma forma de pa...

O que é um teólogo público?

  Quando pensamos nessa pergunta é decisivo preliminarmente indagar o que faz um teólogo, ou seja, qual é o seu trabalho, no que consiste sua vocação? Bem, a vocação, o trabalho de um teólogo é refletir a verdade da Revelação, a totalidade das Escrituras e, num mesmo movimento, expô-la no objetivo fornecer um via de transformação e plataforma para glorificar a Deus (1 Co 3.12-15). Em sua Teologia Sistemática , tratando do trabalho de um teólogo afirmou Joel Beeke: O trabalho de um teólogo sistemático é reunir a verdade das Sagradas Escrituras e apresentá-la de uma maneira que, pelo poder do Espírito Santo, ilumina a mente e acende o coração para direcionar toda a vida para a glória de Deus (Beeke, Smalley – 2020). E o que seria o teólogo público? Uma figura pública vocacionada por Deus para falar ( agoreúõ ) a verdade do seu Evangelho para atrair as pessoas   para entender e reagir a essa verdade divina salvadora e existencialmente. Segundo Kevin J. Vanhoozer o teólogo públic...
  A Importância da Teoria da Mente no Espectro Autista: Desafios e Intervenções   A compreensão do transtorno do espectro autista (TEA) tem sido alvo de inúmeras pesquisas, principalmente no campo da psicologia. Uma pesquisa notável conduzida pelo Instituto de Neurociência Cognitiva da Universidade College de Londres, na Inglaterra, revelou uma dificuldade crucial enfrentada por indivíduos autistas: a construção de elaborações sobre a mente alheia .   Para entender essa dificuldade, é essencial examinar a capacidade da mente humana, particularmente os circuitos neuronais especializados em reflexão sobre o eu e sobre o outro. Essa habilidade, conhecida como perspectiva-taking, é fundamental para prever o comportamento dos outros e facilitar a cooperação e o aprendizado mútuo nas interações humanas.   A dificuldade em realizar essa perspectiva-taking é evidente no autismo, onde indivíduos têm dificuldade em reconhecer que outras pessoas têm pensamentos, emo...

Abordando à alegria transcendental na revelação

  A alegria ( chara ) é uma virtude que compõe os valores do reio de Deus e a ética da comunidade espiritual de Jesus. Essa alegria é centrada na manifestação do Evangelho que é a faceta experimental da aliança da graça. No Novo Dicionário   de Teologia Bíblica, T. Desmond Alexander e Brian S. Rosner descrevem a alegria, no contexto da nova aliança:   A alegria é característica da vida de fé; delimita tanto a comunidade como o indivíduo. A alegria é uma qualidade, não simplesmente uma emoção, da qual Deus é tanto objeto (Sl 16.11; Fp 4.4) quanto o doador (Rm 15.13). (Novo Dicionário de Teologia Bíblica, São Paulo, SP, Vida, 2009, p.568) Nessa forma de entender a alegria, ela se torna uma realidade existencial e vivencial indispensável no existir-no-mundo dos discípulos de Cristo (Fp 4.4). Ser alegre preenche o roteiro existencial daqueles que foram chamados pela aliança redentiva. Essa alegria é resultado da união de Jesus conosco quando por fé recebemos no Evangelho os...