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Mostrando postagens de 2019

Precisa-se de pastores

O processo de esvaziamento conceitual, a incorrespondencia entre conceito e conteúdo, a relativização de princípios e doutrinas cruciais e definidoras tem tomado de assalto a igreja histórica, militante (visível) com truculência e virilidade. Por força de reação inúmeros institutos, princípios, visões sofreram profundíssimas alterações.   Uma dessas alterações pode ser observada no ministério da Palavra. O pastor, ministro do Evangelho tem sido confundido atualmente com gerenciador empresarial, coach, mentor piramidal, terapeuta motivacional, contador de história, produtor de cartase, enfim. É importante afirmar que o pastor não é nada do que foi identificado acima! Muito embora, muitos aspectos do que foi listado estejam intrínsecos no ministério do pastor, tal como liderança de pessoas, gerenciamento de recursos, mentoria, enfim, ele não deve ser confundido com as profissões e atividades elencadas.   O pastor é cura d’alma, apascentador de vidas, cuidador de ge...

Um tipo de semeadura que só dá seu fruto aqui

Muita gente passa por uma crise abissal quando enfrenta o final, o epílogo de sua existência nessa geografia temporal. Apesar de uma vida financeiramente tranquila, uma boa aposentadoria, ou ainda apesar da fama, reconhecimento profissional, acadêmico mesmo assim a crise se impõe. Qual a razão disto? A resposta é que nesse exato momento que se percebe que se semeou insuficientemente para a eternidade. Bem verdade que semeou; e, f artamente, só que para essa vida, não para a outra existência. Semear para essa vida é semear só para si, para o ego. Infelizmente muitas das sementes que lançamos no solo da nossa semeadura estão viciadas do nosso egoísmo, narcisismo, controle, enfim, o problema é que só vamos descobrir nesse estante capital. No nosso dia D. Na verdade semeamos muito, a jornada toda, porém, esquecemos de semear para o outro mundo, ou semeamos mal, para a religião, por exemplo, vai saber? Daí quando o dia de atravessar o rio Estige inapelavelmente chega... Marcus...

ADOECER PARA SOBREVIVER

Existe um tipo de patologia psíquica que se caracteriza pelas sucessivas tentativas de ser internado, mesmo com o risco da própria vida, para receber tratamento clínico, cuidados médicos e intervenções cirúrgicas. Essa patologia foi designada de síndrome de Münchausen pelo médico britânico Richard Asher em 1951. E   também é conhecida como síndrome da dependência hospitalar ou dependência policirúrgica.   Segundo o psiquiatra italiano Francesco Cro: “A síndrome de pode ser definida como uma patologia da relação médico e paciente: indivíduos afetados por ela provocam intencionalmente em si mesmos a manifestação de sintomas, muitas vezes graves, para serem internados e assumirem a identidade de doentes, com todas as vantagens que esse papel comporta” (Cro – 2004). Para a Associação Americana de Psiquiatria a síndrome Münchausen se localiza etiologicamente entre os transtornos fictícios, diferenciando-se assim tanto da simulação como da histeria (diagnóstico muito comum...

TRANSTORNOS PSÍQUICOS- CURA NÃO PROFILAXIA

Todos estamos expostos a possibilidade de passarmos por um transtorno psíquico, alguns, por grandes transtornos, neste sentido a diferença é apenas de ordem e forma. O que distingue um sujeito do outro nesta questão em particular é a origem dos transtornos e a maneira de encará-los.  Desse modo, pensando na origem dos transtornos pode se estabelecer os seguintes macro marcadores ou recortes: endógeno, exógeno, conjuntural, religioso, existencial, enfim. O fato é que os transtornos enfrentados pelo humano são multifatoriais e complexos na sua formação e causas (etiologia). Essa condição da origem dos transtornos psíquicos torna sua abordagem somiotécnica (etiologia, diagnóstico, prognósticos, enfim) complicada, seu tratamento tão dificultado e a solução custosa e, em muitos casos, algo remoto que gera frustação e desânimo quando não outros sentimentos mais sombrios nos acometidos por eles. É mais que óbvio, portanto, que a incapacidade de identificação inequívoca da ge...

A Educação agencia cultural

A sociedade pós-moderna está um caos. Isso é fato, e cá pra nós as medidas encontradas para resolução parecem que estão tornando-a pior, você não tem essa impressão? A verdade é que enquanto se procurar resolver a crise social e política da nossa comunidade à revelia do próprio e precedente comprometimento da Cultura (como eixo fundante para o ser-ai-no-mundo) continuaremos com essas ‘soluções’ epidérmicas e profiláticas que só mascaram muito mal o mostro que a tudo devora. Estamos socialmente em crise, porque estamos existencialmente em crise, porque estamos culturalmente em crise, e quando me reporto a Cultura, não estou abordando um segmento desta, o estético-poético: dança, música, literatura, enfim. Mas a somatória da vivencia, conhecimento e comunitarismo da espécie humana envolvendo, em suma, toda sua realidade existencial como ser humano na história e no tempo. Portanto, quando falo da crise da Cultura como causa motriz da problemática da nossa era, estou me refer...

PSICOSSOMÁTICA, COURAÇA E REPRESSÃO

Todos estamos expostos a limitação de nossos desejos ( wünsche ) em forma de processos repressivos, desde os mais leves e tênues até os mais severos e truculentos. É inevitável, pois, somos todos, querendo ou não somos consequências de pactuações (mesmo que pulverizadas na pós-modernidade e sua ênfase ao individual, fragmentado e episódico) civilizatórias nos moldes do contrato social russeliano e outras sinalizações pró- civilização e harmonia sociopolítica, a razão de ser disso é que é melhor o contrato com renuncias de potestades pessoais do que a barbárie e a ética do mais poderoso, que nem sempre pode ser nós!!   Entretanto, quando ocorre esse tipo de repressividade nos frustramos e há uma descarga protetiva do sistema Psi. Bem se esta pulsão não é simbolizada ou redimensionada no ato reativo, catártico e; ao invés, essa excitação ( Aufregung ) é reprimida, por exemplo, prendendo a respiração para não estourar, ou engolindo seco para dizer o que (não) deveria ser dito (o...

O QUE É ESTÁ UNIDO A CRISTO? primeira parte

A união da Igreja com Jesus é uma doutrina central e indispensável da fé fundamental cristã. A sua imprescindibilidade se dá por sua natureza fio condutor para a realização existencial da mediação sacrificial levada a efeito por Jesus. Quero dizer com isso que é por meio da união da Igreja com Jesus que sua obra messiânica ganha relevo experimental na vida de todos aqueles que por meio da fé neotestamentária se tornam partícipes de sua comunidade espiritual. Sem esse liame, esse link, por maior efeito que houvesse na obra de Cristo ela padeceria do mal da ineficácia material. Entretanto, a união de Jesus é com a Igreja. Isso é muito significativo. E demanda que entendamos os dois eixos fundantes dessa trinca assertiva: união e Igreja . O primeiro nos comunica o fato de que a vinculação do Logos não se deu com uma percepção com que os homens ao longo da história entenderam por igreja, nem tão pouco com as formais manifestações histórico, temporais e locais da igreja, nem ...

Quantas doenças...

As ‘enfermidades’ do corpo (sôma), psicossomática ou funcional como a psiquiatria dinâmica atualmente conceitualiza na sua maioria são o grito, o protesto da interioridade (tendo o corpo como discurso) contra os abusos, leniências, covardias, perversões do Self na sua relação simbiótica de natureza kafkaniana, orestiniana com os outros Selfs. Dito de outra forma, a maioria das doenças do corpo são em verdade (alêtheia) doenças da alma como categoria de discurso de exposição da falência das relações. SDG. Marcus King Barbosa- Teólogo, Psicanalista Clínico, Filósofo e Pastor

A Justiça de Deus

A ideia reformada de justiça de Deus (iustitia Dei) é o seu distintivo peculiar. Foi o que tornou o movimento original e extremamente atrativo. A ideia da justiça divina resultante de um impulso divino recebido apenas pela fé, que me tornava posicionalmente justo e não inerentemente justo como os reformadores a conceberam se chocava explosivamente com séculos de legado históricoteológico da Igreja romana. A reforma era uma ruptura inesperada,mas bem vinda com séculos de compreensão eclesiástica acerca da interpretação da justiça; sobretudo, na era medieval-escolática. Isso tornou o movimento reformado o fenômeno existencial-histórico que foi. Uma boa ilustração prática dessa percepção pode ser dado na definição que Lutero apresenta do que era a concepção de justiça , em seu comentário de João: É uma justiça, deveras, admirável que sejamos chamados justos ou que tenhamos uma justiça que, em realidade, não é obra nem pensamento nosso; em resumo, não é coisa alguma que esteja em...

OS PROBLEMAS DAS RELAÇÕES E AS RELAÇÕES DE PROBLEMAS NA PÓS-MODERNIDADE Q

OS PROBLEMAS DAS RELAÇÕES E AS RELAÇÕES DE PROBLEMAS NA PÓS-MODERNIDADE Que as relações estão em crise todos já sabemos, não se constituído nenhuma novidade.   Agora o porquê estes estão passando por essa crise dantesca é que de fato é o verdadeiro desafio. Muitos ao analisarem a problemática dos relacionamentos se fixam na variável dos afetos e sentimentos; isto é, uma abordagem   subjetivista. Penso que essa abordagem está irreparavelmente fadada a inépcia e com toda certeza erra o alvo fragorosamente. Não me entenda mal, é óbvio que afetos e sentimentos entram numa equação, que pretenda ser elucidativa à crise relacional vivida em nossos tempos, porém, não como protagonistas, nem como resposta primária que é o diapasão que vem sendo dado. Compreendo que há um vilão oculto na penumbra. Dito de outra forma, a derrocada dos relacionamentos na pós-modernidade é mais resultado de um compromisso axiológico (sistema de valores) equivocado do que dos afetos e sentime...

A rejeição de Jesus 1 parte

A rejeição de Jesus 1 parte

EM DEFESA DO LUTO

Vivemos em uma era tão narcísica, ensimesmada que não admite pertinência de nenhum tipo de agenciamento, experiência ou relações dentro do âmbito histórico- existencial que demande o menos desprazer, dor ou sofrimento. Não é, pois, sem causa que temos presenciado um tempo de profundíssima crise e tensionamento socioexistencial que Bauman defini como hipotecamento do futuro: buscar a felicidade numa sociedade de mercado de consumo caracterizada por marcas, logos e lojas exige que ela seja hipotecada. (Bauman – 2008: p.22). E o preço da hipoteca é muito caro, impagável na verdade. A realidade é que sob a ingerência do narcisismo dinâmico a modernidade líquida hipotecada tem reinterpretado toda a realidade existencial redimensionado, redefinindo institutos, experiências e relacionamentos a partir do paradigma do principio do prazer e da felicidade absoluta. Um desses institutos socioexistenciais revisados é o luto. E luto aqui entenda como a dramática resposta emocional-afetiva a d...